Título: Fundos não crescerão este ano, diz Anbid
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 21/10/2008, Economia, p. 26

SÃO PAULO. A crise financeira internacional deve interromper um ciclo de cinco anos consecutivos de expansão da indústria brasileira de fundos de investimento, disse ontem o novo presidente da Associação Brasileira dos Bancos de Investimentos (Anbid), Marcelo Giufrida. A última vez que o setor de fundos apresentara variação negativa de patrimônio havia sido em 2002, quando uma onda de desconfiança em relação à sucessão presidencial gerou forte turbulência no mercado financeiro. Desde então, a indústria de fundos viu seu patrimônio mais que dobrar no país.

- Deve ficar no zero a zero - disse Giufrida, que tomou posse no comando da entidade ontem.

Segundo ele, na média, os ativos das carteiras terão valorização, o que deverá compensar a captação líquida negativa.

Do início do ano até o dia 15, última data com dados consolidados pela Anbid, a indústria de fundos apresentava captação líquida negativa de R$40,8 bilhões. Só com a desvalorização de boa parte das carteiras, o patrimônio líquido dos fundos somava 1,124 trilhão, R$125 bilhões a menos que os R$1,24 trilhão do fim de 2007.

- Quando a gente olha para o resto do mundo, até que não foi tão ruim - disse Giufrida.

Segundo ele, a estrutura regulatória do mercado brasileiro, muito mais rígida, tem sido um fator importante neste período de grande desconfiança dos investidores.

- Nós não somos uma ilha e o que acontece nos outros países acaba nos afetando, de uma maneira ou de outra. Mas, não só pelas medidas macroeconômicas, mas também pela maneira como o mercado brasileiro é regulado e auto-regulado - disse. (Ronaldo D"Ercole)