Título: Governo quer virar sócio de construtoras
Autor: D'Ercole; Ronaldo; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 21/10/2008, Economia, p. 27
Pacote para estimular setor imobiliário pode ir a R$4 bi. BNDES e Caixa emprestarão recursos em troca de ações.
SÃO PAULO. Poderá chegar a R$4 bilhões o volume de recursos do governo para socorrer as empresas da construção civil, que estão sem capital de giro devido à escassez de crédito no mercado financeiro nacional. Foi o que garantiu ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que prometeu para os próximos dias o anúncio das regras para as construtoras terem acesso aos recursos. Segundo Mantega, o dinheiro será liberado via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que já apresentou uma proposta, ou via Caixa Econômico Federal (CEF). A injeção de recursos, disse, se dará através de aquisições de participação acionária.
- Estamos preparando essas medidas para viabilizar esses créditos de capital de giro, que estão faltando para as empresas da construção civil. Uma das duas medidas será tomada nos próximos dias - disse Mantega, logo depois da reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e os presidentes da CEF, Maria Fernanda Coelho, do Banco do Brasil, Antônio Francisco Lima Neto, e do BNDES, Luciano Coutinho.
Aumentam os recursos para crédito agrícola
Mantega informou também uma ampliação de 65% para 70% a parte da poupança rural que será destinada ao financiamento agrícola. A medida, que poderá ser anunciada ainda hoje pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), nos cálculos de Mantega, colocará à disposição dos agricultores mais R$2,5 bilhões, além dos cerca de R$10 bilhões já liberados pelo Banco do Brasil para atender a agricultura. Os recursos, segundo ele, são suficientes para não haver uma redução na safra 2008/2009.
- De modo geral estamos dando conta das questões de falta de crédito que estão se colocando na agricultura. Podemos dizer que o governo vai manter o padrão de investimentos e de crédito para não haver nenhuma frustração na próxima safra - afirmou Mantega.
Ministro diz que crise não vai acabar tão cedo
Mantega contou que a reunião de ontem com ministros da área econômica e os presidentes dos bancos públicos foi convocada pelo o presidente Lula para avaliar a situação econômica, financeira e de crédito no país. O ministro da Fazenda contou ainda que foram também discutidas as medidas já tomadas pelo governo brasileiro, bem como as ações dos governos americano e europeus para conter a crise internacional.
Na avaliação do ministro Guido Mantega, a crise "não vai acabar tão cedo", mas que as medidas adotadas pelos americanos e europeus já começam a surtir efeito, o que poderá "nos tirar da fase aguda da crise e passar para a outra fase".