Título: Tesouro reduz emissões de títulos
Autor: Duarte, Patrícia; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 23/10/2008, Economia, p. 24

Em setembro, foram vendidos R$16,8 bi em papéis. Dívida cresceu 1,18%.

BRASÍLIA. O agravamento da crise financeira a partir de setembro levou o Tesouro Nacional a ser mais cauteloso na administração da dívida mobiliária, emitindo menos papéis. De acordo com o relatório da dívida pública, divulgado ontem, no mês passado foram emitidos R$16,8 bilhões em títulos, mas o resgate chegou a R$30,8 bilhões. Com isso, o total da dívida cresceu apenas 1,18% passando de R$1,319 trilhão para R$1,335 trilhão. Este aumento de R$15,6 bilhões deve-se à incorporação dos juros no período.

Desde 15 de setembro, quando quebrou o banco americano Lehman Brothers, levando ao acirramento da crise internacional, dois leilões de NTN-F (títulos prefixados) foram suspensos - um em 18 de setembro e outro em 16 de outubro. No início deste mês, quando as bolsas internacionais derreteram após a decepção com o pacote americano de US$700 bilhões, foi cancelado outro leilão de NTN-B (títulos atrelados ao IPCA).

Segundo o coordernador geral das Operações de Dívida Pública do Tesouro, Guilherme Pedras, a estratégia é não fazer emissões quando o mercado está volátil:

- Setembro foi um mês de volatilidade e, por isso, o Tesouro decidiu fazer emissões menores. O objetivo foi não adicionar volatilidade em um mercado que já estava pressionado. Ao longo de outubro, também temos feito uma política de emissões menores para não causar maiores impactos em um momento já volátil.

A crise e a forte desvalorização do real frente ao dólar tiveram impacto no endividamento. O custo da dívida total subiu em setembro, passando de 11,95% ao ano, em agosto, para 13,44%. O custo da dívida interna subiu de 12,87% para 13,22% anuais. O impacto foi discreto, pois apenas 0,9% da dívida está atrelada ao câmbio.

Dólar ainda terá impacto na dívida externa este mês

O maior impacto do câmbio ocorreu na dívida externa, cujo custo passou de -3,4% em agosto para 16,72% em setembro. Em setembro, somava R$110 bilhões (US$57,7 bilhões), 14,56% mais do que em agosto. Segundo Pedras, o dólar ainda deve ter impacto sobre a dívida este mês.

Já a dívida interna cresceu apenas 0,13%, passando de R$1,223 trilhão em agosto para R$1,224 trilhão no mês passado. Segundo o Tesouro, o montante que vence em 12 meses: foi de 23,44% em agosto para 24,68% em setembro. A composição pouco se alterou. A liderança continuou com papéis atrelados à Selic (35,74%), seguidos pelo prefixados (32,42%) e atrelados à índices de preços (29,45%).