Título: Bancos concedem menos crédito e com juros mais altos, segundo o BC
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 23/10/2008, Economia, p. 27

Para Altamir Lopes, crise trará impactos significativos até o fim deste mês.

BRASÍLIA. A crise financeira internacional já é sentida no mercado de crédito brasileiro na forma de menos recursos sendo concedidos e juros maiores. De acordo com o Banco Central (BC), entre 1º e 10 de outubro, o estoque de crédito livre na economia recuou 0,2% em relação ao mesmo período de setembro, descontando a variação cambial neste intervalo, de 19,5%. Considerando a subida do dólar, o volume cresceu 3,2%, pois o estoque de crédito com recursos em moeda estrangeira representa quase 8% do total no país.

- A crise já impactou os números. Em outubro (todo), devem ter alterações significativas - disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, acrescentando que é cedo para avaliar os repasses para o crédito com a liberação de parte do compulsório bancário decidida nas últimas semanas.

Crédito cresceu no país na fase mais aguda da crise

Segundo o BC, nos dez primeiros dias de outubro, o volume de crédito para pessoa física ficou estável, para as empresas recuou 0,3%. Nesse período, a concessão de crédito no país caiu 13%. Os resultados, diz Lopes, também são influenciados pela greve dos bancários.

Em setembro, apesar da crise na fase mais aguda, o volume de crédito no país cresceu 3,5%. Descontando a variação cambial de 17,1%, em setembro, a alta foi de 2,3%. O estoque chegou a R$1,149 trilhão, ou seja, 39,1% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços do país). O BC mantém a projeção de encerrar o ano a 40% do PIB.

Os juros médios totais cobrados também cresceram no início deste mês: de 40,4% ao ano, em setembro, para 41,6%. Para pessoa física, permaneceu em 53,1% ao ano, para as empresas saltou de 28,3% para 30,8%. Apesar da alta dos juros, a inadimplência recuou mês passado.

O volume de compulsório adicional em setembro, que incide sobre depósitos à vista e a prazo e a poupança, caiu 2,37% sobre agosto, para R$64,076 bilhões. Período em que o BC havia subido o desconto dessa exigibilidade de R$100 milhões para R$300 milhões, o que liberaria para o mercado cerca de R$5 bilhões. As medidas que envolvem reduções nos compulsórios foram anunciadas este mês.