Título: Projeto de expansão do metrô custa R$2,3 bi e há dez anos está no papel
Autor: Marqueiro, Paulo
Fonte: O Globo, 30/10/2008, O País, p. 4

Proposta levada a Lula prevê ainda ampliação de teleférico até Igreja da Penha

Paulo Marqueiro

O projeto de construção da Linha 4 do metrô (Botafogo-Barra), incluído no pacote de pedidos feitos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo governador Sérgio Cabral e pelo prefeito eleito, Eduardo Paes, repousa há quase dez anos no papel. A licitação para a obra, feita durante o governo Marcello Alencar, foi vencida por um consórcio formado pelas empresas Queiroz Galvão, Constran e T-Trans. O contrato de concessão foi assinado em dezembro de 1998.

Segundo o presidente da concessionária Rio Barra, Júlio Teixeira, a obra, que na época estava orçada em R$880 milhões, custaria hoje cerca de R$2,3 bilhões. Pelo contrato, ela seria realizada pela iniciativa privada em parceria com o estado, que arcaria com 45% dos custos (R$1 bilhão).

Ligação com a Linha 1 seria feita em Botafogo

A linha de metrô, com 16 quilômetros de extensão, partiria da Estação São João, que ficaria nas imediações do Shopping Rio Sul (entre as estações Botafogo e Cardeal Arcoverde); seguiria por Humaitá, Gávea, São Conrado (a estação ficaria perto da Rocinha), e terminaria no Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca. O trajeto seria feito em 20 minutos. Estima-se que a linha seria implantada em cinco anos. O movimento previsto é de 200 mil passageiros/dia.

O presidente da concessionária disse estar confiante na construção da linha, mas, ao mesmo tempo, deixa escapar certa desconfiança, quando se pergunta se está torcendo para que desta vez a obra saia:

- Estou torcendo há dez anos - disse Júlio Teixeira.

A outra obra que integra o pacote também não chega a ser novidade para os cariocas. No início do ano, Cabral assinou um acordo com a prefeitura do Rio e a Light para estender a auto-estrada conhecida como Via Light desde a Pavuna até Madureira. O projeto estava engavetado há sete anos por falta de investimentos. O novo trecho da Via Light, que tem 11 quilômetros e liga Pavuna a Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, teria 9,5 quilômetros de extensão. A obra estava orçada em cerca de R$240 milhões. Segundo o estado, o projeto está em fase de licenciamento pela Feema.

Já as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Penha estão orçadas em R$470 milhões. Elas incluiriam urbanização e saneamento e beneficiariam 24 mil famílias nas comunidades de Vila Cruzeiro, Vila Cascatinha, Parque Proletário da Penha, Merindiba, Caixa D"água, Caracol, Chatuba, Morro da Fé, Sereno e Morro da Paz. Segundo Ícaro Moreno Júnior, presidente da Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop), o teleférico do Alemão - que já está recebendo obras do PAC - seria estendido até a Igreja da Penha.