Título: Bovespa sobe 4% com redução de juro nos EUA
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 30/10/2008, Economia, p. 30
Dólar cai 2,06% no Brasil, para R$2,143. Com volume maior no câmbio, BC intervém apenas no mercado futuro
Felipe Frisch
O mercado financeiro teve mais um dia de alívio ontem, com a expectativa de redução de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em 0,50 ponto percentual, para 1% ao ano, confirmada no fim da tarde. O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o Ibovespa, fechou em alta de 4,37%, para 34.845 pontos. O dólar também passou o dia em queda, sem que fosse necessário que o Banco Central (BC) fizesse novas vendas da moeda americana à vista. Com isso, a divisa encerrou o dia a R$2,143, em queda de 2,06%.
No total, a autoridade monetária brasileira vendeu US$1,084 bilhão em contratos de swap cambial (nestes contratos, negociados no mercado futuro, o BC paga a variação do câmbio e recebe uma taxa de juros em troca), com vencimentos em janeiro, abril e junho do ano que vem. O volume negociado no mercado de câmbio passou de US$4,7 bilhões, puxado por importadores aproveitando para fechar operações de câmbio com o dólar mais baixo do que nos últimos dias, avalia Mario Battistel, diretor de câmbio da Fair Corretora.
O enfraquecimento da moeda americana foi mundial. Com a redução dos juros pelo Fed, o dólar caiu mais de 2% frente a uma cesta de moedas. O euro subiu 2,05%, para US$1,2722.
Fitch rebaixa nota da Aracruz Celulose
No mercado de ações, o dia já começou otimista com os dados de encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos no mês de setembro, quando subiram 0,8%, em relação a agosto. O índice recebeu impulso do aumento de encomendas de aviões e automóveis. Excluindo transportes, as encomendas diminuíram 1,1%. Com isso, a sensação entre os operadores é de que a recessão poderá ser mais branda nos Estados Unidos. Assim, os preços internacionais das commodities tiveram um dia de recuperação, relata Álvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Ágora.
Isso ajudou as cotações de empresas como Vale e Petrobras, que têm peso de mais de 30% no Ibovespa. Os papéis da estatal subiram 6,73% - ajudados ainda pela divulgação de um baixo crescimento nos estoques de petróleo nos Estados Unidos - e os da mineradora subiram 2,40%.
O Ibovespa chegou a subir 5,33%, para 35.166 pontos, antes do anúncio da decisão do Fed. A confirmação da queda de 0,50 ponto, esperada pelo mercado, por volta de 16h20m, porém, fez investidores aproveitarem para vender ações e embolsar parte dos lucros dos últimos dias, o que reduziu a alta para 2,93%. No entanto, as compras logo voltaram e recuperaram parte da alta.
- O dia foi bem mais calmo, na expectativa de corte de juros pelo Fed. Se não viesse, estaria tudo virando agora - diz Battistel, da Fair.
Outro fator de expectativa era a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC brasileiro, também sobre a taxa de juros, no caso a Selic, em 13,75% ao ano. No início da noite, a autoridade monetária confirmou a manutenção esperada pelo mercado. Segundo Felipe Casotti, economista da Máxima Asset Management, a repercussão negativa ocorreria se o BC optasse por elevar a Selic.
À noite, a agência de classificação de risco Fitch Ratings anunciou o rebaixamento das notas de crédito da Aracruz Celulose, para "BB-" em moeda local e em moeda estrangeira (de "BB+" anterior em ambas). Segundo o comunicado, a mudança reflete a expectativa da Fitch de que a empresa vá desmontar suas operações com derivativos e que a perda pode exceder US$1,5 bilhão.
Além disso, segundo a agência de risco, a fabricante de papel deverá financiar a maior parte dessas perdas com as atuais contrapartes dessas operações, os próprios bancos, dobrando o nível de risco da companhia. Dependendo dos termos do acordo feito com os bancos, a dívida da Aracruz pode sofrer ainda novos rebaixamentos, alerta a Fitch. Por isso, as notas permaneceram com perspectiva negativa.
Credit Suisse corta 500 no mundo, 40 no Brasil
Segundo fontes do mercado, o Credit Suisse teria demitido cerca de 40 pessoas no Brasil, equivalente a cerca de 10% do banco, aí incluídos funcionários tanto da linha de frente no contato com clientes quanto de back-office (retaguarda), além de oito altos executivos da área de banco de investimento, quatro de operações estruturadas e analistas recém-contratados. Procurado, o Credit Suisse confirmou apenas um corte de 500 pessoas ao redor do mundo nas áreas de banco de investimentos e de suporte, sem comentar a redução de quadros no Brasil.
oglobo.com.br/economia