Título: Em encontro com Lula, Aécio afirma que eleição em BH não está vencida
Autor: Damé, Luiza; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 24/10/2008, O País, p. 14

Ao presidente, governador mineiro diz ser uma ponte entre PSDB e PT.

BRASÍLIA e BELO HORIZONTE. Um dos presidenciáveis do PSDB, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, reuniu-se ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que a disputa em Belo Horizonte ainda não está decidida, embora seu candidato, Márcio Lacerda (PSB), tenha voltado a liderar as pesquisas.

- É uma eleição que está sendo disputada. Não é uma eleição vencida. O segundo turno permite o confronto das idéias, a clareza em relação às alianças e aos aliados, e permite que as pessoas percebam as diferenças entre candidatos e propostas. Podemos ganhar, podemos não ganhar. Espero que ganhemos, e estou muito otimista - afirmou Aécio.

Ele disse que nunca apoiou o adversário de Lacerda, o peemedebista Leonardo Quintão, que apregoava, no primeiro turno, ser seu amigo e aliado:

- O grupo que está com Quintão foi o que derrotei duas vezes em Minas.

Ontem à noite, após a visita de Aécio ao Planalto, Márcio Lacerda botou Lula em seu programa eleitoral na TV pela primeira vez. Foi uma gravação genérica, em que Lula defende candidatos de partidos aliados, que têm projetos em comum com o governo federal. O presidente decidira não participar pessoalmente da campanha em Belo Horizonte e em outras cidades onde a disputa é entre dois candidatos da base aliada.

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Aécio disse que o encontro com Lula fora acertado na segunda-feira, mas seu nome só foi incluído na agenda do presidente ontem de manhã. Oficialmente, a reunião discutiria a crise financeira. Aécio colocou-se como uma ponte entre o PT e o PSDB para formular uma agenda nacional que atenda aos interesse dos dois partidos. E cobrou responsabilidade do PSDB na votação das medidas propostas pelo Planalto para proteger a economia.

- Serei sempre uma ponte, não para construir uma aliança eleitoral entre PT e PSDB, pois isso seria uma utopia, mas, quem sabe, uma convergência e um clima pós-eleição em que, qualquer que seja o vencedor, assuma compromissos com assuntos macro e estruturadores. PSDB e PT não precisam ser inimigos o resto da vida - afirmou Aécio, que se disse amigo de Lula.

O quadro de indefinição na reta final da disputa pela prefeitura transformou a eleição em Belo Horizonte numa guerra de acusações e liminares. Sob ataque intenso de Quintão, que perdeu a dianteira nas pesquisas nos últimos dias, Lacerda não tem dado sossego à assessoria jurídica de sua campanha. Um dia após ter conseguido proibir a distribuição de panfletos do PMDB que vinculavam Lacerda ao mensalão, o candidato do PSB foi surpreendido ontem com nova leva de folhetos com objetivo semelhante, desta vez assinados pelo PRTB.

- Providenciamos uma nova ação para proibir a distribuição desses panfletos - disse o deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG), da coordenação da campanha de Lacerda.

Apesar dos esforços da equipe jurídica de Lacerda e das liminares dadas pela Justiça Eleitoral anteontem, Quintão voltou a exibir ontem na TV imagens do principal operador do mensalão, Marcos Valério, em depoimento à CPI dos Correios. Valério aparece dizendo que Lacerda foi o contato para o pagamento de uma dívida da campanha presidencial de Ciro Gomes (PSB).

- Caiu a máscara de bom moço do meu adversário que, desesperado, apelou para a baixaria. Estou processando-o por calúnia e difamação. O TRE, na sentença que deu retirando a campanha dele do ar, reafirma que eu fui inocentado de qualquer acusação do mensalão. Portanto, não faz sentido essa acusação circular. É um ato criminoso - reclamou Lacerda.

* Enviada especial