Título: Estudo mostra despreparo de jovens brasileiros
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 24/10/2008, O País, p. 16

Segundo BID, 71,6% de pessoas de 15 a 19 anos, no Brasil, não estão aptas a conseguir empregos bem remunerados.

BRASÍLIA. O Brasil tem a segunda maior proporção de jovens de 15 a 19 anos despreparados para o mercado de trabalho entre seis países latino-americanos, revela estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O levantamento, que será divulgado na próxima segunda-feira, diz que 71,6% dos brasileiros nessa faixa etária não estão aptos a obter empregos bem remunerados na economia global.

Dos seis países analisados, o Peru é o único em pior situação, com 84,7% dos jovens despreparados. Os demais são México (65,4%), Uruguai (58,8%), Chile (53,4%) e Argentina (53,3%). Em todos, mais da metade da juventude está em condição desfavorável. Os dados são do período de 2000 a 2003, conforme o país. No caso do Brasil, o ano-base é 2003.

Para Bid, despreparo tem impacto sobre crescimento

O BID levou em conta a qualidade do ensino e a baixa escolaridade. O despreparo dos jovens latino-americanos, segundo o estudo, tem impacto sobre a produtividade e o crescimento econômico.

O levantamento reconhece que o acesso à educação avançou, mas assinala que produziu pouco efeito por causa da baixa aprendizagem. Diferente do que ocorreu em países asiáticos, como a Coréia do Sul.

O estudo destaca também que o crescimento das economias latino-americanas se deu em cima do aumento quantitativo da força de trabalho e não por ganhos de produtividade e inovação. "O aumento do número de anos de estudo para um número crescente de crianças latino-americanas não se traduz necessariamente em maior produtividade, prosperidade e bem-estar. Os latino-americanos não estão colhendo os benefícios que poderiam esperar de uma permanência mais longa no sistema escolar", diz o estudo.

Em nota, o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, observa que a região precisa investir mais em educação:

- A América Latina entrou numa nova fase de desenvolvimento que exige dos governos que aumentem dramaticamente a qualidade da educação e outros serviços que garantam que esses países terão condições de sobreviver na competitiva economia global.