Título: Paes agora admite subsídio para criar o bilhete único
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Fonte: O Globo, 31/10/2008, O País, p. 5

Sistema pode levar a um aumento da tarifa de ônibus

Na área de transportes, o prefeito eleito do Rio defendeu a licitação das linhas de ônibus e a implantação do bilhete único, mas somente após estudo técnico semelhante ao antigo projeto Rio-Bus. Segundo Eduardo Paes, haverá redução do número de linhas em algumas áreas, e o preço da passagem pode subir. Para ele, os motoristas de vans foram usados como massa de manobra política pelo prefeito Cesar Maia (DEM).

O senhor vai manter o convênio da prefeitura com o Detro para fiscalizar vans?

EDUARDO PAES: A minha posição sempre foi muito clara em relação às vans. Eu defendo uma fiscalização eficiente. O que acontece com as vans é que essa turma, desde que eu me conheço como gente, é usada como massa de manobra. Em 2000, Cesar Maia fez um acordo para ganhar a eleição do (Luiz Paulo) Conde. O pessoal foi para a rua apoiar o Cesar. Estou falando isso porque eu vi. Em 2004, como contou o deputado federal Arolde de Oliveira (ex-secretário municipal de Transportes), renovou esse acordo. O que se quis com essa turma foi gerar instabilidade, o que permitiu aos atores políticos fazer o que quisessem com eles. O que vou fazer é definir a regra. E ela será clara.

No segundo turno, no programa eleitoral, houve a promessa de legalizar as vans...

PAES: O documento que eu firmo com eles em nada se diferencia do que eu falei para O GLOBO, do que falei para as pessoas. Vou legalizar, vou licitar, vou integrar ao bilhete único e vou definir as linhas. O que tinha lá de anomalia, que alguns candidatos assinaram no primeiro turno, com vans com mais de 26 lugares, garantia de 9.000 vans sendo legalizadas, nada disso consta em documento meu. O que firmei com eles foi o que disse no primeiro turno. Eu me vi obrigado a fazer esse movimento porque estavam falando mentiras.

O seu plano para os transportes prevê redução do número de ônibus na Zona Sul?

PAES: O estudo mais completo sobre o assunto foi feito pelo ex-prefeito Luiz Paulo Conde. Era o Rio-Bus (que previa a reorganização de todo o sistema de ônibus do Rio). Mas ele já tem dez anos. Vamos precisar fazer isso de forma correta.

Na implantação do bilhete único, as empresas de ônibus não terão mesmo subsídio?

PAES: O bilhete único sem subsídio foi uma coisa que manifestei como desejo e que acabou sendo tratada como certeza. Se isso acontecer, as empresas vão ter de enfrentar isso. Mas há coisas que não dá para garantir agora. Alguém aqui conhece as planilhas de custo das empresas? Eu ainda não tenho acesso às planilhas para saber detalhes do cálculo da tarifa. Se o custo para o usuário ficar muito alto, será uma coisa que teremos que decidir. A idéia seria manter a tarifa do ônibus a R$2,10, mas pode aumentar um pouco com a integração dos modais. Mas eu me comprometo: a planilha será pública.

O que o senhor pretende fazer com o Taj Mahal, como o prefeito Cesar Maia se referiu à Cidade da Música?

PAES: Tem que botar para funcionar. Já conversei com o Roberto Minczuk (diretor artístico e regente da Orquestra Sinfônica Brasileira). Acho que a OSB deve ir para lá, e o espaço ser oferecido em concessão à iniciativa privada. A verdade é que Cesar não conseguiu viabilizar a concessão. Inventou um modelo de gestão para funcionar até março. Na verdade, acredito que ele queira inaugurar de qualquer jeito. A Cidade da Música vai inaugurar e fechar no dia seguinte, porque não vai estar pronta.

O ideal então é a concessão para a iniciativa privada?

PAES: É o ideal, mas aquilo não tem sustentabilidade econômica. O prefeito Cesar Maia me disse isso. Tanto no caso do Estádio Olímpico João Havelange quanto no da Cidade da Música, ele cometeu dois equívocos. Olhou para a arquitetura e não pensou num plano de negócios. Depois de ficarem prontas é que ele foi ver como torná-las viáveis. Garanto que a manutenção da Cidade da Música não custará menos de R$2 milhões por mês.