Título: Crise internacional atinge reforma tributária
Autor: Cotta, Sueli
Fonte: O Globo, 31/10/2008, O País, p. 11

Governadores do Sudeste tentarão manter investimentos, mas pedirão a bancadas que não aprovem projetos que aumentem gastos

Sueli Cotta

BELO HORIZONTE. Os quatro governadores do Sudeste, reunidos ontem para discutir a crise financeira internacional, decidiram que vão mobilizar suas bancadas federais para evitar a aprovação de projetos que impliquem aumento de despesas ou perda de receitas. A reforma tributária, que está parada, não deve avançar. O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse que há um entendimento, inclusive com o presidente Lula, para que investimentos sejam mantidos. Obras consideradas prioritárias não devem sofrer cortes, para manter empregos.

São Paulo, por exemplo, vai manter obras viárias, enquanto em Minas o governador Aécio Neves (PSDB) vai priorizar a ampliação do metrô de Belo Horizonte. Serra pediu o empenho do governo federal, abrindo linhas de financiamento.

Depois do encontro no Palácio das Mangabeiras, Serra, Aécio e Paulo Hartung (PT), do Espírito Santo, ficaram para uma conversa com jornalistas - só Sérgio Cabral (PMDB), do Rio, não participou. Ao ser indagado sobre a proposta do governador mineiro de realizar prévias para escolher o candidato do PSDB que disputará a presidência em 2010, Serra esboçou um "estou de acordo com o Aécio", que, por sua vez, emendou um "nós estamos sempre de acordo". Questionado se o PSDB corria o risco de ficar sem candidato porque ninguém admitia entrar na disputa, Serra desconversou, dizendo que falar em nomes agora "é prematuro".

Sobre a reforma política, que está parada no Congresso, Aécio disse que sempre foi favorável a mandatos de cinco anos, sem reeleição, mas não acredita que a matéria tenha impacto nas próximas eleições.

- A reforma política tem que ser feita sem uma interferência na eleição seguintes porque seria sempre compreendida como casuísmo em favor desse ou daquele. Mas a reforma política precisa ser discutida. O melhor momento é no início de mandato, e infelizmente isso não ocorreu nos dois mandatos do presidente Lula - reclamou.

Já Serra vê dificuldade operacional para coincidir as eleições municipais com as gerais.

- Implica mudar duração de mandato - explicou.