Título: PSDB e DEM: mais debate sobre MP dos Bancos
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 25/10/2008, Economia, p. 31

Líderes da oposição afirmam que não apresentarão uma versão "do B".

BRASÍLIA. A oposição decidiu ontem assumir publicamente um discurso de responsabilidade e colaboração em relação à Medida Provisória (MP) 443, que permite que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal comprem bancos e empresas em dificuldades. A intenção é neutralizar a estratégia do Palácio do Planalto de dividir o desgaste político da crise internacional. O tom cauteloso do PSDB e do DEM visa a evitar que a oposição seja responsabilizada de tentar derrubar uma ação do governo para amenizar efeitos da crise.

Faz parte da estratégia da oposição aprofundar o debate da MP no Congresso para explicitar a gravidade da crise. De forma reservada, tucanos e políticos do DEM avaliam que isso criará desgaste ao governo. Os principais líderes da oposição afirmam que não apresentarão uma "MP do B" para substituir o texto da 443. E acenam com a possibilidade de aperfeiçoamento.

Para o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), não há intenção de embate político com o governo sobre a MP. Mas pediu avaliação da assessoria jurídica do partido sobre a constitucionalidade de pontos que poderiam ser enviados ao Congresso. Seria possível aprovar por regime de urgência.

- O Brasil terá que mostrar ao mundo que, aqui, há boa vontade de todos os lados. É a primeira crise do governo Lula e o Congresso não falhará - disse Maia.

No dia anterior, o PSDB chegou a ameaçar obstruir a pauta na Câmara em reação às declarações do presidente Lula de que a oposição torce pelo "quanto pior melhor" em relação à crise no Brasil. Caso os tucanos levem à frente a iniciativa, poderá atrasar a aprovação da MP.

Na próxima semana, haverá reunião da Executiva Nacional do PSDB para fechar posição do partido sobre a crise. Nos últimos dias, o presidente da legenda, senador Sérgio Guerra (PE), manteve contato com caciques do partido, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). Ontem, Guerra impôs a condição para que haja a colaboração com a MP: um recuo do governo em relação a culpar a oposição por trabalhar contra o país.

- Vamos deixar claro: se o presidente quer enfrentar a crise, maior do que ele e maior do que todos nós, terá o apoio da oposição - disse Sérgio Guerra. - Tem que haver agilidade da autoridade monetária, arbítrio e liberdade para que as ações tenham efeito, tem que ter instrumentos para agir. (Gerson Camarotti)