Título: BC faz 5 leilões de dólar, mas moeda sobe
Autor: Frisch, Felipe; Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 25/10/2008, Economia, p. 33

No dia, alta chegou a quase 4% mas cotação fechou a R$2,327, com aumento de 0,95%.

O aumento da artilharia do Banco Central (BC) anunciado na véspera para conter a escalada da moeda não foi suficiente para segurar uma nova alta do dólar, mas suavizou sua valorização. A moeda já abriu os negócios do dia pressionada pela valorização externa, em alta de 3,94%, a R$2,396. E, depois de várias atuações da entidade monetária, fechou em alta de 0,95%, a R$2,327.

Às 10h53m, o BC fez um leilão para vender a moeda no mercado à vista, por R$2,35. A tentativa não arrefeceu a alta. Às 11h, houve o primeiro leilão de swap cambial (em que o BC paga a variação do dólar e recebe juros) do dia. A estratégia foi repetida por volta das 13h. Ao todo, foram oferecidos 70 mil contratos, em três leilões de swap, ou cerca de US$3,5 bilhões. Mas o mercado só absorveu cerca de US$2,5 bilhões. À tarde, o BC voltou ao mercado para fazer mais uma venda de moeda de suas reservas, desta vez, ao preço de R$2,3040.

Dólar sobe no mundo e mais no país, que teve queda maior

- O problema é que a taxa que o BC está pedindo está muito alta. Ele precisa ser mais agressivo para que o dólar caia logo ao piso de R$2 - disse o diretor-executivo de câmbio da NGO Corretora, Sidnei Nehme.

Segundo analistas, a valorização do dólar é mundial e se deve ao desmonte de operações com moedas do mundo todo contra o dólar, as chamadas operações de carry-trade. Nelas, apostava-se em alguma moeda (de algum país com juros mais altos do que os EUA) e contra o dólar. Agora, com a perspectiva de recessão mundial, os investidores estão desfazendo essas operações: comprando dólares e vendendo as demais moedas.

No Brasil, a queda é mais acentuada porque o real também foi a moeda que mais se beneficiou dessa diferença entre as taxas de juros dos países. Apenas o iene japonês se valoriza porque, com os juros baixos do país, as operações eram de venda dele para compra de dólar. Agora, se inverteram.

Pela manhã, em função de rumores de mercado de que estaria desativando a sua área de corretagem na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), a Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG) enviou comunicado informando que "decidiu alterar sua forma de atuação nos mercados futuros financeiros da BM&F" e que passará, a partir de 2009, a se concentrar nos mercados futuros de índice e seus derivativos, além de commodities (matérias-primas) agrícolas. A CSHG informou ainda que "não está descontinuando nenhuma de suas atividades da área de corretagem" e que manterá as operações de banco de investimento, gestão de recursos e corretagem de ações.

BNDES AJUDARÁ EMPRESAS, na página 35