Título: Não me chamo Dolores, me chamo Lula
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 29/10/2008, O País, p. 8

Durante visita à Espanha e diante de Zapatero, presidente cai em pegadinha de humorista de TV

BRASÍLIA. Mesmo cercado por seguranças, o presidente Lula, há 15 dias, foi vítima de pegadinha de um programa de humor da TV espanhola quando visitava Toledo. As imagens de Lula ao telefone com o humorista Jordi Evole foram ao ar ontem com o título "Não me chamo Dolores, me chamo Lula, capítulo final". A cena começa com o carro deixando Lula à porta do prédio onde foi recebido pelo primeiro-ministro espanhol, José Luis Zapatero. Do outro lado da rua, uma brasileira, com a camisa da seleção, gritava eufórica: "Lula, Lula!". Zapatero a apontou, e o presidente foi falar com a moça, identificada como Marlenice Patrícia Miranda.

- Presidente, tome um regalo (presente). O nome dele é Lula. É um desenho aqui da TV. É para o senhor.

Todo feliz, Lula puxou a moça, que estava atrás de um alambrado, e a apresentou a Zapatero. Ela disparou:

- Presidente, dá um oi para meu pai que está aqui na linha.

Lula pegou o celular:

- Qual o nome dele?

- José.

- Oi, José, estou com sua filha.

Mas não era José, muito menos o pai da moça, nem ao menos um brasileiro. Diante das câmeras, o humorista tentava disfarçar o sotaque:

- Viva o Corinthians! Viva o Corinthians! O que te disse o rei da Espanha? "Por que não te calas", como (falou) a (Hugo) Chávez?

- Isso - comentou Lula, meio sem graça.

E, como Lula não desligou, o humorista pediu:

- Dá um beijo na minha filha.

- Vou dar - disse Lula, que o fez de imediato.

O espanhol ainda arriscou um conselho:

- Menos samba e mais trabalho para sair da crise.

Lula, rindo, despediu-se:

- Um abraço, querido.

- Tchau, presidente. Muito obrigado.

Em frente às câmeras, o humorista festejou:

- Falamos com o presidente Lula!