Título: PSDB começa a assediar o PMDB e critica Dilma
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 28/10/2008, O País, p. 17

Primeiro passo é composição para presidência do Senado

Isabel Braga

BRASÍLIA. Com dois presidenciáveis no partido, o PSDB deflagrou ontem a campanha de 2010, com ataques à candidata do presidente Lula, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), e assédio claro e direto ao PMDB, partido que saiu mais fortalecido das eleições municipais. O primeiro passo rumo a 2010 será tentar uma composição com o PMDB para a sucessão do presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (RN), contra a candidatura do petista Tião Vianna (AC).

O presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), avisou ontem que o PSDB tem uma ótima relação com o candidato do PMDB à presidência da Câmara, Michel Temer (SP), e que, se o partido lançar um nome ao Senado, pode apoiá-lo.

- O PMDB é um grande partido, tem muita força e envergadura parlamentar. Qualquer força que pretenda desenvolver uma campanha nos próximos anos vai cultivar o PMDB.

Ao mesmo tempo, Guerra partiu para o ataque, chamando Dilma de autoritária e arrogante. Segundo ele, a ministra é uma técnica competente, mas sem características de líder popular. Para Guerra, as eleições destruíram a teoria de que Lula era "aquela assombração, capaz de eleger até postes" por causa de sua enorme popularidade.

- Dilma pode ser competente, tem liderança no governo, mas entre o povo não tem liderança nenhuma. É autoritária, passa autoritarismo e é um pouco arrogante. - Qual é o projeto de Dilma? É o Lula! E o recado da população, nesta eleição, é que não quer ninguém escolhendo por ela.

Guerra admite a dificuldade na definição interna de quem será o candidato em 2010. Ele disse que os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) saíram fortalecidos e que caberá ao partido fazer a escolha mais à frente. Para o tucano, o grande derrotado nas eleições foi o PT - embora o partido tenha aumentado o número de prefeituras em 35% e os tucanos perdido 10%. Para Guerra, as derrotas do PT em São Paulo, Porto Alegre e Salvador, e o fato de estar fora da disputa no Rio e de perder a prefeitura de Belo Horizonte são o maior sinal da derrota.

- A derrota em São Paulo foi humilhante.