Título: PMDB tem que cobiçar a Presidência
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 28/10/2008, O País, p. 18

Reeleito em Porto Alegre, Fogaça ataca PT e questiona candidatura de Dilma

Cristiane Jungblut

PORTO ALEGRE. Depois de ganhar a eleição contra a petista Maria do Rosário, o prefeito reeleito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB) disse ontem que o PMDB não pode se contentar apenas em ser cobiçado nas negociações para as eleições presidenciais de 2010. Para Fogaça, o PMDB sai como maior força nacional das eleições municipais e tem que fazer isso valer, tendo um candidato próprio. Mas ele disse que não é impossível uma aliança entre PMDB e PT nas eleições presidenciais.

Sobre a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o prefeito disse que é um excelente nome, mas que ela tem que vencer muitos desafios para ser a favorita:

- O PMDB não pode ficar como um partido-reboque, um partido que é apenas cobiçado. Ele também tem que cobiçar, tem que ter um candidato à Presidência e sair a campo para a negociação. Não consigo enxergar o PMDB a reboque de nenhuma situação preestabelecida. Ao contrário, o protagonismo do PMDB nesse processo deverá ser marcante e decisivo.

Ele disse que o partido, sem um nome nacional, tem que construir um cabeça-de-chapa:

- É uma questão secundária agora, tem que ser construído.

Ainda falando sobre Dilma, Fogaça acabou alfinetando Lula, ao afirmar que não basta ter o apoio do presidente, já que ele não transferiu votos:

- Ela (Dilma) é uma excelente candidata. Mas as condições políticas de candidaturas são outra coisa. Acho Maria do Rosário excelente candidata, no entanto competi com ela. Votei em mim, não nela. Como serão organizados os elementos políticos em torno de Dilma? O futuro dirá. O candidato tem que traduzir claramente o projeto político e de governo. Se não, não adianta - disse Fogaça.

Apesar de acenar parcerias em Brasília com Maria do Rosário em favor de recursos para Porto Alegre, Fogaça não poupou ataques ao PT.

- Não há governabilidade com governos exclusivistas do ponto de vista partidário. Vide o primeiro mandato de Lula, em que o PT achava que era dono do governo. No segundo mandato ele compreende a estrutura partidária brasileira e passa a trabalhar com esse dado de realidade. É uma questão de competência e habilidade. O chefe do governo é que mantém o equilíbrio.