Título: Divido a vitória com Serra
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Fonte: O Globo, 27/10/2008, O País, p. 18

Reeleito, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) disse ao GLOBO estar preocupado com a crise econômica internacional, que pode afetar o Brasil e as administrações municipais. Kassab, que credita sua vitória ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e desde já o lança candidato à Presidência da República, disse que, se a crise atingir sua administração, vai cortar gastos. Mas prometeu não cortar na área social.

Germano Oliveira

O senhor se considera o grande vencedor da eleição municipal?

GILBERTO KASSAB: Analiso minha vitória em São Paulo com otimismo, mas não podemos personalizar. Não é uma vitória de uma pessoa só. Divido a vitória com minha equipe e, sobretudo, com o governador José Serra. Falei isso quando venci no primeiro turno e repito hoje: divido a minha vitória com Serra. A vitória mostra que o paulistano considerou boa a nossa administração, reconheceu nosso trabalho. As pesquisas mostram que 62% da população consideraram a administração como ótima ou boa. Vou procurar dar continuidade ao conjunto de ações que desenvolvemos nos últimos quatro anos, com maior eficiência ainda, para que a população fique mais satisfeita nos próximos quatro anos.

O senhor, com a cúpula do DEM, foi à casa do ex-presidente Fernando Henrique, presidente de honra do PSDB. 2010 começou?

KASSAB: Fui lá agradecer pelo apoio que recebi dele. No segundo turno, de forma aberta. No primeiro, ele sempre teve clareza sobre nossa parceria e manifestou apoio à minha administração.

O senhor foi conversar sobre 2010, em nome do DEM, e defender a candidatura de Serra para presidente?

KASSAB: Seria leviandade dizer que 2010 já começou. O governador Serra é uma figura de liderança da vida política brasileira. Dos quatro anos que administramos São Paulo, Serra ficou no cargo um ano e três meses. Fiquei dois anos e nove meses. Serra teve extraordinária participação no trabalho vitorioso que realizamos, mas lançar seu nome para presidente hoje seria açodamento.

O governador Aécio Neves ficaria descontente?

KASSAB: Açodamento pelo momento. Não é hora de discutir 2010. Quando chegar o momento oportuno, no começo de 2010, vamos oficializar o lançamento da candidatura de Serra para presidente e essa candidatura terá todo o meu apoio. O governador Serra, que vem fazendo uma boa administração no governo paulista, saberá entender os apelos da sociedade, do mundo político brasileiro, e na hora certa Serra refletirá sobre isso.

Com o apoio do DEM?

KASSAB: Com o apoio incondicional do DEM. Já estamos juntos na cidade e no governo de São Paulo. Juntos, fazemos oposição do governo federal. A aliança do PSDB com o DEM continuará. O Brasil precisa de Serra como presidente. No momento certo, o DEM irá a Serra pedir que ele se lance na disputa.

A crise pode facilitar uma candidatura de Serra? A crise afetará São Paulo?

KASSAB: Estou atento à crise. Fizemos um orçamento para o ano que vem com base realista. Se a crise nos atingir, vamos cortar despesas, se for preciso. Mas, se acontecer, sei onde não vou cortar: saúde, educação, transportes públicos e habitação.

Pretende presidir o DEM nacionalmente?

KASSAB: O partido está sendo bem presidido pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e bem representado pelo ex-senador Jorge Bornhausen. A minha tarefa será administrar bem São Paulo, que é o que os paulistanos querem.

Pensa em ser candidato a governador em 2010?

KASSAB: A chance de isso acontecer é zero. Não tenho biografia para isso. É minha primeira eleição majoritária. Agora, só penso em governar bem a cidade de São Paulo.