Título: Reeleito, prefeito terá de retribuir apoio recebido
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Fonte: O Globo, 27/10/2008, O País, p. 18

PMDB herdará Secretaria de Ação Social e apoio para a disputa pelo Senado

SÃO PAULO. O prefeito reeleito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), terá de retribuir o apoio que recebeu na campanha. O PMDB, aliado de primeira hora, já começou a cobrar a fatura. Eleita vice-prefeita, a peemedebista Alda Marcoantônio tem a secretaria de Assistência Social à sua espera. Kassab terá de ajudar a eleger para o Senado o ex-governador Orestes Quércia ou quem o cacique e presidente estadual do PMDB paulista indicar.

Para acomodar vereadores do PSDB que o apoiaram, Kassab fará uma reengenharia com os atuais secretários. Serra, que vai ajudar a montar a equipe, terá poder de veto. O grupo de vereadores teria cobrado de Kassab a indicação para a pasta das Subsecretarias, considerada estratégica para parlamentares que precisam de agilidade em negociações entre a comunidade e administração pública.

Na Câmara, Kassab terá ao seu lado 27 dos 55 vereadores da Casa, entre DEM e aliados (14) e PSDB (13). O PT e seus aliados (PCdoB e outros), maior força de oposição, fizeram apenas 16 vereadores.

Kassab diz que não pretende ser candidato a governador de São Paulo, daqui a dois anos. Para 2010, seu projeto é ajudar a eleger o governador de São Paulo, o tucano José Serra, presidente da República. Mas, interlocutores afirmam que ele já tem planos audaciosos para sua carreira política: deixar a prefeitura em 2012 e, no caso de Serra suceder ao presidente Lula, assumir um ministério e entrar na corrida ao Palácio dos Bandeirantes, em 2014, com apoio do tucanato.

- Se deixar a prefeitura daqui a dois anos, estarei morto politicamente. O Pimenta (da Veiga, do PSDB) fez isso em Belo Horizonte (deixou a prefeitura para ser candidato ao governo de Minas e perdeu em 2002) e quebrou a cara. Quero fazer uma fantástica administração nos próximos quatro anos, ajudar a eleger o Serra presidente em 2010 e terminar meu mandato em 2012. Se administrar bem a cidade, tenho chance de passos maiores. Aí, em 2014, quando tem eleição para governador novamente, quem sabe? - disse ao GLOBO.

Nem a associação de seu nome ao de Celso Pitta o tira do sério. Ex-secretário de Planejamento na gestão Pitta, Kassab hoje renega o cargo que ocupou na gestão do ex-prefeito. Reforça agora a parceria com Serra, pois o governador é a escada para os passos mais largos que o prefeito reeleito pensa em dar depois de 2010.

- Sou quase um tucano, mas sou presidente do conselho político do DEM e um dos líderes nacionais do partido. O PSDB e o DEM hoje estão juntos na prefeitura de São Paulo, no governo do Serra e estão juntos na oposição a Lula. Falam que o DEM, que ajudo a liderar, pode se fundir ao PSDB, mas isso não é nem preciso. Pensamos muito igual. Temos algumas diferenças no modo de ver o país, mas elas são pequenas. Se pensássemos exatamente igual, já teríamos nos fundido, feito um partido só. Não é o caso. O DEM, ao qual pertenço, está junto com o PSDB e vai estar unido com Serra em 2010. (Germano Oliveira e Flávio Freire)