Título: Jucá indicou diretor dos Correios preso pela PF
Autor: Carvalho, Jaílton de; Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 01/11/2008, O País, p. 10

Cargo ocupado por Samir Hatem é uma das duas vagas da cúpula da estatal reservadas pelo governo para o PMDB.

BRASÍLIA. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), confirmou ter indicado para o cargo o diretor comercial dos Correios, Samir Hatem, preso anteontem pela Polícia Federal. Além dele, outras 15 pessoas, entre empresários e funcionários públicos, foram detidas sob suspeita de integrar um esquema de corrupção na estatal. O grupo é investigado por fraude em licitações na área de informática e contratos milionários de agências franqueadas, alguns desses contratos com bancos e grandes empresas.

A operação da PF que desvendou o esquema foi batizada de "Déjà Vu", em referência à semelhança com o escândalo investigado em 2005 envolvendo o ex-chefe de Contratação dos Correios Maurício Marinho. O caso acabou levando à revelação do escândalo do mensalão.

O cargo ocupado por Hatem era uma das duas vagas da cúpula dos Correios reservadas pelo governo para o PMDB. A outra foi preenchida por uma indicação do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA). Perguntado, por meio da assessoria de imprensa, se manteria ou não a indicação, Jucá esquivou-se:

- Não vou fazer prejulgamento de pessoas e situações. Vou acompanhar de perto as investigações e as pessoas que estão sendo apontadas. Se forem responsáveis (pelas fraudes), deverão responder pelos seus atos.

Samir Hatem é um dos mais próximos afilhados políticos de Jucá. O diretor dos Correios foi secretário de Fazenda do falecido ex-governador de Roraima Ottomar Pinto e presidente do INSS quando Jucá comandou o Ministério da Previdência, no primeiro mandato do governo Lula. Além disso, Hatem é amigo de Jucá e costuma freqüentar a casa dele.

Além de Hatem, foram presos o superintendente executivo da Diretoria Comercial, Roberto Santana, e Vitor Joppert, diretor regional dos Correios no interior de São Paulo. Com os presos, foram apreendidos carros importados e dinheiro em espécie.

O presidente da estatal, Carlos Henrique Almeida Custódio, informou ontem que tomará a decisão sobre possível demissões dos envolvidos apenas depois de analisar as informações pedidas à Polícia Federal sobre o caso. Os documentos devem ser enviados a Custódio na segunda-feira. Anteontem, em entrevista ao GLOBO, ele declarou:

- Isso é muito grave e lamentável. Não se faz com uma empresa com a credibilidade dos Correios. Quem fez, se é que fez, vai pagar caro.