Título: Bolsas encerram semana com altas recordes
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 01/11/2008, Economia, p. 31

Bovespa acumulou ganho de 18% e Nova York, de 11%. Mas, no mês, queda foi de 24% e 14%, respectivamente.

RIO, NOVA YORK, LONDRES e TÓQUIO. A enxurrada de medidas anunciadas nos últimos dias para dar mais liquidez aos mercados fez com que as bolsas internacionais tivessem uma de suas melhores semanas na história. No Brasil, o ganho acumulado pelo Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, foi de 18,35% - a maior variação semanal desde setembro de 1998. O Dow Jones - principal índice da Bolsa de Nova York - subiu 11,29%, na sua 9ª maior alta semanal e a melhor desde 1974, de acordo com a consultoria Economática. Ontem, porém, o Ibovespa recuou 0,51%, aos 37.256 pontos, após três dias de fortes ganhos. Já o dólar subiu 2,61%, para R$2,16, embora tenha acumulado queda de 7,17% na semana.

Mas, se considerado o balanço mensal, o desempenho das bolsas não foi bom. A Bovespa caiu 24,80% em outubro. Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 1,57% ontem, mas fechou o mês em queda de 14%. A queda em pontos, 1.526, foi a maior para um mês de sua história. E o S&P, embora tenha subido 1,54% ontem, teve queda de 16,9% em outubro. Já o Nasdaq fechou em alta de 1,32% ontem.

Na Europa, a Bolsa de Londres subiu 2% ontem e 12,7% na semana. Paris avançou 2,3% ontem, e Frankfurt subiu 2,4%. Na semana, a bolsa alemã subiu 16%, o melhor resultado desde 1959. Na Ásia, o índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu 5,01%, acompanhado por queda de 2,52% da Bolsa de Hong Kong.

Ações da Vale caem 5,75%, mas fecham em alta

No início dos negócios, o Ibovespa chegou a recuar 4,25% logo após a abertura, puxado pela queda das ações de Vale e Petrobras. O banco UBS divulgou relatório a investidores prevendo uma queda de 40% no preço do minério no próximo ano. Já o Citigroup estimou desvalorização de 20%. Além disso, a empresa anunciou que irá reduzir sua produção para se adequar às novas condições do mercado.

Mas, com a divulgação de indicadores da economia americana, as bolsas internacionais passaram a subir, e a Bovespa foi junto. A renda pessoal do americano subiu 0,2% em setembro, melhor do que o 0,1% esperado por analistas. Mas os gastos do consumidor caíram 0,3%, o maior recuo em quatro anos.

Na máxima do dia, a Bolsa chegou a subir 1,32%, mas reduziu seus ganhos no fim do pregão. Ainda assim, as ações da Vale ganharam 0,79% - depois de chegarem a cair 5,75%, e as da Petrobras, 2,01%, impulsionadas pela alta do barril de petróleo. Em Nova York, o barril do óleo leve americano subiu 2,8%, para US$67,81. Em Londres, o Brent ganhou 2,5%, para US$65,32.

Freedom Bank, da Flórida, é o 17º americano a fechar

No câmbio, a alta do dólar foi provocada pela "briga" pela formação da Ptax, a taxa média de todos os negócios com dólares. Ela baliza os contratos de câmbio negociados no mercado futuro. Ou seja, quem apostava na queda na Bolsa de Mercadorias & Futuros tentou forçar o recuo da moeda; quem acreditava na alta tentou o contrário. O Banco Central fez apenas leilões de swap (em que paga a variação cambial e recebe em troca uma taxa de juros) e irrigou o mercado com US$447 milhões.

O americano Freedom Bank, da Flórida, foi ontem o 17º banco a fechar nos EUA este ano por causa da crise. A FDIC, agência federal responsável pelos seguros e depósitos, ficará responsável pela instituição, que tinha US$287 milhões em ativos e US$254 milhões em depósitos em 17 de outubro. Os depósitos foram adquiridos pelo Fifth Third Bank, de Grand Rapids (Michigan).

O governador José Serra (PSDB) disse ontem que a crise não vai atingir o estado.

- Não fiquem aflitos com efeitos da crise, pelo menos aqui no estado. Estamos preparados para enfrentar a crise, não vamos reduzir os investimentos - disse Serra a cerca de cem prefeitos paulistas durante anúncio de investimentos de R$1,15 bilhão em estradas do interior.

(*) Com agências internacionais