Título: Em BH, Lacerda se espelha em gestão de Aécio
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 02/11/2008, O País, p. 8

Novo prefeito nega compromisso de lotear 2,5 mil cargos.

BRASÍLIA. No campo político, o prefeito eleito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), terá como conselheiros os padrinhos de sua candidatura: o governador de Minas, o tucano Aécio Neves, e o atual prefeito, o petista Fernando Pimentel. Já na área administrativa, tende a seguir um estilo mais parecido com o de Aécio - de quem foi secretário de Desenvolvimento Econômico - embora tenha sido eleito com a promessa de continuar o projeto iniciado há quase 16 anos pelo ex-prefeito Patrus Ananias, do PT.

Na última sexta-feira, Lacerda montou seu gabinete de transição com representantes da ampla coligação que o elegeu - do PT ao PSDB. Mas está decidido a adotar, a exemplo do que fez já Aécio, um planejamento de longo prazo com dois pilares: a qualidade fiscal e de gestão. Pretende estabelecer metas e tentar diminuir despesas. Só não decidiu se, como Aécio, extinguirá parte dos 2.500 cargos comissionados ou reduzirá o número de secretarias.

- O modelo de gestão do governo do estado está funcionando muito bem. E ninguém pode dizer que se trata de um projeto neoliberal, porque o governador não privatizou. Pelo contrário, a Cemig (energia) e a Copasa (água e saneamento) se transformaram em empresas propulsoras do crescimento do estado. Pretendo fazer algo semelhante.

A expectativa de Pimentel é que parte de sua equipe seja mantida, mas Lacerda tem sido cauteloso ao falar do assunto:

- Não tenho nenhum compromisso de loteamento político partidário da máquina da prefeitura.

Novo prefeito defenderá apoio do PSB a Aécio em 2010

Lacerda admitiu que poderá aproveitar parte da equipe de transição. Entre eles, os deputados mineiros Rodrigo de Castro (PSDB), Miguel Correia (PT) e Virgílio Guimarães (PT). Castro analisará os programas em que há parceria do estado com a prefeitura e cuidará do relacionamento com a bancada estadual. Virgílio cuidará dos programas federais e de obras previstas com recursos da União, e fará o contato com os deputados federais. Tudo no estilo Aécio, de delegar tarefas.

Ao que tudo indica, a parceria com Aécio deverá ir além do campo administrativo. Ao contrário de Pimentel, que já disse que não apoiará uma candidatura do governador à sucessão presidencial, Lacerda adianta sua intenção de apoiar Aécio:

- Meu campo é o da centro-esquerda. E esse é o projeto que o PSDB representa em Minas, ao contrário do que se vê em São Paulo, onde o projeto vitorioso é de centro-direita. Sou mineiro, e a capacidade do estado de buscar convergências é histórica. Minha disposição é defender no PSB a participação em um projeto de centro-esquerda que seja o mais amplo possível.