Título: Bons resultados em cidade paulista
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 03/11/2008, O País, p. 3

Escola de Santa Fé do Sul, que adota o sistema, fica em primeiro lugar na Prova Brasil.

BRASÍLIA. Vilão no Rio, o sistema de aprovação automática dá bons resultados em outras cidades. No interior de São Paulo, alunos do ensino fundamental de uma escola de Santa Fé do Sul obtiveram a nota mais alta do país na Prova Brasil do ano passado, e a rede municipal ficou em sexto lugar. Dos 1.556 estudantes das séries iniciais (do 1º ao 5º ano), apenas 24 foram reprovados no ano passado e tiveram que repetir a série. Ou seja, uma taxa de repetência de 1,5%.

Como no Rio, o ensino fundamental em Santa Fé do Sul dura nove anos. As séries iniciais estão estruturadas da mesma forma: um ciclo do 1º ao 3º ano e outro do 4º ao 5º . Independentemente do desempenho em sala de aula, os alunos passam automaticamente de ano e só correm risco de retenção no 3º , no 5º , no 7º e no 9º anos.

As semelhanças param aí. A aprovação maciça Santa Fé do Sul não significou baixa aprendizagem. Longe disso, os alunos do 5º ano (antiga 4ª série) da cidade demonstraram alto nível de aprendizagem, com nota 7,6, na escala até 10. A Escola Professora Elisabeth Maria Cavaretto de Almeida foi além e alcançou 8,73. A Prova Brasil avalia a capacidade de leitura e os conhecimentos de matemática. A média nacional da rede pública foi inferior a 5.

- Educação é a nossa bandeira - resume o prefeito Itamar Borges, que já exerceu o cargo na década de 1990 e agora conclui o segundo mandato consecutivo.

A secretária de Educação, Ana Keyla Abbud Chierice, diz que o caminho do sucesso começa nas creches e pré-escolas. Segundo ela, 96% das crianças de 4 e 5 anos estão matriculadas, chegando ao 1º ano com um desenvolvimento cognitivo mais avançado. Uma vez no ensino fundamental, elas passam por avaliações periódicas. Além das provas normais, toda a rede de ensino é submetida semestralmente a um teste nos moldes da Prova Brasil.

Alunos com dificuldades freqüentam aulas de reforço no contraturno, ou seja, fora do horário de aula. Os ciclos, observa a secretária, permitem acompanhar o ritmo de aprendizado dos alunos, evitando reprovações desnecessárias. A maioria das turmas tem 25 estudantes e, além do próprio professor, contam com apoio de outros profissionais para aulas de recuperação. Além da grade curricular normal, todos os alunos têm a opção de praticar esportes e atividades culturais. Na escola, têm até aulas de xadrez. Os pais também participam de cursos de informática e da comemoração do aniversário dos filhos.

A Constituição exige investimento de 25% da arrecadação no ensino público. Em Santa Fé do Sul, cidade com cerca de 30 mil habitantes, a cerca de 600 quilômetros da capital paulista, a educação abocanha mais de 30% do orçamento.

- São duas palavrinhas mágicas: envolvimento e investimento. A educação é foco e prioridade de toda a administração - diz Ana Keyla. (D.W.)