Título: Chile e México na mira
Autor: Oliveira ,Germano ; Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 05/11/2008, Economia, p. 19

GIGANTE BANCÁRIO

América Latina é prioridade no plano de expansão internacional da Itaú Unibanco Holding

Germano Oliveira e Bruno Rosa

Embora a prioridade do novo megabanco brasileiro seja dominar com folga o mercado brasileiro, a Itaú Unibanco Holding (que resultou da fusão do Itaú com o Unibanco) tem planos audaciosos de internacionalizar as atividades dos dois bancos agora unidos. O primeiro passo dessa expansão no exterior começa pela América Latina e o primeiro grande movimento nesse sentido será criar uma área de private banking no México para captar recursos de grandes investidores mexicanos. Das fortunas na América Latina, 35% estão no México e 30% no Brasil.

- Nossa proposta para o México é ficar de olho na administração de fortunas, para atender clientes que têm mais de US$5 milhões. Inicialmente, entraremos no negócio de private banking - disse uma fonte do Itaú, que acompanha de perto o processo de fusão dos dois bancos.

O novo banco está interessado ainda nos recursos de investidores da Colômbia e Chile, onde o Itaú já opera 65 agências. A atração pelo Chile se deve ao bom desempenho econômico do país, embora o valor absoluto do seu PIB seja pequeno, de US$246 bilhões. O PIB do Chile teve alta média de 7,7% nos últimos cinco anos e a inflação deste ano deve chegar a 8% ou 9% (enquanto que na Argentina passará de 10%). No México, a inflação deve ficar em torno de 5%, mas a economia teve um crescimento médio de 3,8% nos últimos cinco anos (no Brasil o crescimento médio no período é de 3,3%).

Plano de expansão vale para cinco anos

Em conferência ontem com analistas de mercado, o presidente do Conselho de Administração da Itaú Unibanco Holding, Pedro Moreira Salles, foi enfático e deu o sinal dessa pretendida expansão no exterior, sobretudo na América Latina.

- Os processos de internacionalização dos dois bancos não seriam possíveis sem a fusão das duas instituições. A união gera um grande conforto e permitirá a conquista dos mercados internacionais. Tendo essa capacidade no mercado local (já lidera no Brasil), podemos olhar para fora com muito mais conforto e segurança. Permitirá ambicionar coisas que, sozinhos, não poderíamos fazer - disse Moreira Salles.

Durante a mesma conferência, Roberto Setúbal, que será o presidente executivo da nova instituição, confirmou que o interesse, além do México, são Chile e Colômbia.

- A meta é atingir a internacionalização em cinco anos, mas o primeiro passo será na América Latina, onde temos mais identidade cultural - disse Setubal.

O plano ambicioso da Itaú Unibanco Holding de crescer no exterior não será tarefa fácil e a disputa com os grandes conglomerados financeiros como HSBC, Santander e Citibank na América Latina será mais que acirrada, dizem analistas. Para alguns, a competição em segmentos como o de varejo e de investimentos será quase impossível. Por isso, a estratégia usada pelo maior banco brasileiro será a compra de médias instituições na região em diversos segmentos, como a de seguros, previdência e cartão de crédito.

Para Jordão Resende, analista financeiro do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), a Itaú Unibanco Holding ainda vai intensificar a sua atuação em empresas de pequeno porte que atuam no comércio exterior, já que essa é a principal atividade dos dois bancos na região e no mundo.

Na opinião de Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating, a Itaú Unibanco não tem condição de competir com as grandes instituições na América Latina:

- Tirando as pequenas operações de varejo do Itaú em alguns países da América do Sul, não há muita relevância dos dois bancos no exterior. É um desafio competir com HSBC, Santander e Citi.