Título: Contra recessão, mais produção
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 05/11/2008, Economia, p. 21
Lula pede mais investimentos e critica apologia da crise
Luiza Damé
TUCURUÍ (PA). Durante a solenidade de inauguração da segunda casa de força da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou os empresários brasileiros a manterem seus investimentos no país. E lançou um novo bordão: "contra a recessão só tem uma solução: mais produção". Lula criticou ainda os brasileiros que fazem apologia da crise - uma postura adotada também pela imprensa, segundo ele.
- A inauguração desta segunda fase (de Tucuruí) é um exemplo de que, enquanto alguns estão fazendo a apologia da crise, eu estarei viajando o Brasil inaugurando obras e fiscalizando, porque contra a recessão só tem uma solução: mais produção - disse Lula.
A obra inaugurada ontem permitirá que, entre dezembro e maio (período de chuvas no Pará), a usina responda por 9% do consumo total de energia. Tucuruí é a segunda hidrelétrica no país, atrás de Itaipu, que fornece 14% da energia.
Com capacidade instalada de 8.370 megawatts, Tucuruí pode produzir energia elétrica para 40 milhões de pessoas. Até o fim de 2010, serão concluídas suas duas eclusas, que permitirão implantar a hidrovia do Rio Tocantins.
No discurso, Lula admitiu que pode haver perdas nas exportações como conseqüência da crise internacional, mas argumentou que o mercado interno brasileiro está em expansão:
- Temos um potencial de mercado interno que poucos países do mundo têm, nós temos uma sociedade ávida por comprar.
O presidente reafirmou ainda que o governo vai reagir à crise, mantendo as obras do PAC, incentivando os empresários brasileiros a produzirem e irrigando o setor produtivo com linhas de crédito. Ele citou construção civil, agricultura, indústria automobilística e pequenas e médias empresas como segmentos prioritários:
- Para enfrentar essa crise, temos que olhá-la como um médico responsável. Saber que a doença tem gravidade, mas, se a gente der o remédio correto, não precisa ficar fazendo apologia da morte como alguns fazem, torcendo para que a crise chegue ao Brasil.
O presidente disse que as manchetes só destacam coisas ruins, como se nada de bom acontecesse no Brasil ou no mundo. Para exemplificar isso, lembrou a primeira vez que esteve em Tucuruí, em novembro de 2004, para a inauguração de uma turbina, e comeu um bombom de cupuaçu, jogando o papel entre a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o então governador do Pará, Simão Jatene (PSDB). Ele reclamou que, apesar da importância da obra, no dia seguinte, o destaque era a foto do papel do bombom jogado no chão.