Título: Petróleo sobe 10% e fica acima de US$70 em NY com corte da Opep
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 05/11/2008, Economia, p. 23

Arábia Saudita já teria reduzido produção em 900 mil barris por dia

NOVA YORK e LONDRES. O preço do petróleo subiu fortemente ontem com sinais de que alguns membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) já teriam feito cortes em sua produção. O barril do leve americano fechou em US$70,53 na Bolsa de Nova York, com alta de US$6,62 ou 10,36%. Na máxima do dia, a cotação atingiu US$71,77, com ganho de 12,29%. A desvalorização do dólar também contribuiu para a apreciação dos preços. Em Londres, o barril do tipo Brent terminou o pregão a US$66,44, avanço de US$5,96 ou 9,85%.

De acordo com estimativas de mercado, a Arábia Saudita - o maior exportador de petróleo do mundo - já teria cortado 900 mil barris por dia desde o pico de produção alcançado em agosto. Os Emirados Árabes, por sua vez, cortaram 200 mil barris por dia, para 2,5 milhões de barris diários, segundo um funcionário da estatal petrolífera local.

"A Arábia Saudita disse às grandes empresas petrolíferas que vai restringir o volume (de petróleo) ofertado este mês, em resposta ao ceticismo em relação à conformidade das políticas do reino com o acordo da Opep fechado na reunião emergencial de Viena", disse em relatório Mike Fitzpatrick, vice-presidente da MF Global.

Venezuela vai propor novo corte de 1 milhão de barris

No último 24 de outubro, as nações que integram a Opep concordaram em reduzir em 1,5 milhão de barris por dia a produção do cartel. O objetivo é conter a oferta da commodity, pressionando os preços. A organização responde por mais de 30% do suprimento mundial do combustível. O petróleo atingiu seu recorde em julho deste ano, quando foi negociado acima de US$145. Desde então, a cotação caiu quase à metade, com a desaceleração da economia mundial e a expectativa de uma recessão nos Estados Unidos. Hoje, o Departamento de Energia americano divulga o volume de estoque de petróleo da última semana, e a estimativa é de aumento nas reservas.

A Argélia, outro membro da Opep, terá redução de 71 mil barris diários do combustível, enquanto o Qatar já cortou em 40 mil barris por dia suas exportações para países asiáticos, informou ontem o ministro de Energia no país, Abdullah al-Attiyah. A Venezuela também informara a seus clientes que faria cortes na entrega do combustível a partir de primeiro de novembro. O país presidido por Hugo Chávez disse ainda que vai propor um novo corte de 1 milhão de barris diários ao cartel na reunião prevista para dezembro.