Título: Petrobras aperta o cinto e pede corte de gastos
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 05/11/2008, Economia, p. 23

Diante da crise, Gabrielli faz apelo a funcionários. Empresa cancela festas de fim de ano, viagens, cursos e até brindes

Bruno Villas Bôas

A Petrobras ainda reavalia seu plano de negócios para os próximos cinco anos, mas já começa a apertar o cinto para tempos mais difíceis. O presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, pediu ontem aos funcionários que reduzam gastos da empresa a curto prazo, enquanto houver reflexos da crise mundial. Em discurso de dez minutos, transmitido ao vivo pela rede interna da empresa (intranet), Gabrielli não estabeleceu metas e medidas a serem tomadas. Empregados informaram, no entanto, que várias ações já estão em curso: cancelamento de festas, viagens e cursos, corte de brindes e de panfletos informativos.

Parte das festas de fim de ano da empresa, por exemplo, foi cancelada. Eventos de diferentes áreas da estatal ocorrem em sítios alugados em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio. Mais de 400 funcionários chegam a participar dos eventos, que oferecem churrasco e incluem sorteio de brindes. Um dos sítios, que têm campo de futebol e piscina, confirmou cancelamentos. Outros dois receberam pedidos de orçamento, mas a estatal não teria assinado o contrato.

A empresa também teria cancelado sua participação em algumas feiras e exposições, cursos no Brasil e no exterior, além de viagens de seus executivos. Funcionários terceirizados da estatal - são 211 mil no mundo - são os mais preocupados com cortes. A Petrobras não comentou as informações.

Gabrielli explicou que os planos da empresa não envolviam só recursos próprios, mas também de terceiros. E que houve rápida redução de fluxos financeiros na economia. Ele frisou que não haverá mudanças dramáticas, apenas ajustes. Mas o clima é de tensão e preocupação entre funcionários. Ontem, a intranet da companhia ficou sobrecarregada e muitos não conseguiram acompanhar o pronunciamento.

- Todos se perguntavam no corredor o que ele havia dito. Todos estão preocupados - disse um funcionário.