Título: Rio está entre estados que receberam menos
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 06/11/2008, O País, p. 3

Dos R$109 milhões previstos para obras em rodovias no estado, só 0,3% foram liberados.

BRASÍLIA. O Rio de Janeiro, com mais de dois mil quilômetros de rodovias federais, foi um dos estados que menos receberam verbas federais para obras de manutenção de estradas este ano. O governo federal só desembolsou 0,3% dos R$109 milhões previstos no orçamento para este fim. Apenas a BR-101 recebeu recursos, e mesmo assim eles não chegaram a 1% dos R$45 milhões reservados para a rodovia, considerada uma das mais perigosas do país. Outras oito estradas federais no Rio não viram um centavo ainda este ano. No estado, 1.391 quilômetros estão em condições péssima, ruim ou regular, segundo os dados de 2007.

Em termos de manutenção de estradas, o Rio só ficou à frente de São Paulo, que não recebeu um centavo dos R$33,7 milhões previstos no orçamento, segundo dados do Siafi. Mas as estradas em São Paulo ocupam o topo do ranking das melhores pistas do país, boa parte delas administrada pelo governo do estado ou por concessão. Metade das rodovias é considerada ótima e apenas 27% estão em situação péssima, ruim ou regular, segundo a pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) de 2007, a mais recente disponível.

Índices pífios - de menos de 1% - na execução de obras de manutenção e recuperação também atingiram este ano as rodovias federais no Acre, no Ceará, no Espírito Santo e no Rio Grande do Norte.

O maior desembolso aconteceu em Roraima, estado que até ano passado tinha as condições mais calamitosas, com 69% das rodovias em condições ruins e péssimas e nenhum trecho foi considerado bom pela CNT. Mesmo com a lentidão para aplicar recursos de recuperação, o estado conseguiu concluir e pagar 41% do orçado para obras. O valor, R$51,5 milhões, também é o mais alto pago em qualquer estado. Minas Gerais, que tinha o maior montante no orçamento, R$478 milhões, pagou apenas 2% desse valor.

De acordo com Luiz Antonio Pagot, diretor-geral do Dnit, a execução das obras depende de bons projetos nas superintendências regionais, e a mudança na sistemática de aplicação de recursos enfrenta algumas resistências nos estados.

- É preciso mudar a cultura. Todos querem a coisa simplificada, mas, se for assim, a solução é temporária. Estamos deixando para trás essa sistemática antiga - disse ele.

Sua previsão é deslanchar o novo programa de recuperação até abril, com R$5,5 bilhões para aplicar em 26 mil quilômetros durante três anos. E o projeto de conservação, restauração, e manutenção deve sair do papel em setembro de 2010, com cerca de R$10 bilhões para cinco a dez anos de investimentos.

Porém, o processo está atrasado pela greve de outubro no Dnit, e nada garante que a execução das obras vai ter melhor ritmo e desempenho no futuro. Isso porque, segundo o Dnit, muita lentidão se deve às exigências dos órgãos de controle externo e dos licenciamentos ambientais, que criam uma "burocracia extraordinária".