Título: Empurrão para montadoras
Autor: Duarte, Patrícia; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 06/11/2008, Economia, p. 21

Governo libera R$4 bi para vendas de automóveis, que caíram 13,8% em outubro.

No momento em que as montadoras anunciam férias coletivas e as concessionárias registram queda de vendas, como reflexo da crise financeira, o governo vai liberar R$4 bilhões para os bancos das montadoras. Os recursos, do Banco do Brasil, serão oferecidos por meio de empréstimos com a emissão de Certificados de Depósitos Interbancários (CDIs). No total, os bancos das montadoras respondem por 40% do financiamento nacional de veículos.

- Essa operação deve começar ainda nesta semana - afirmou Antônio Lima Neto, presidente do BB.

Segundo ele, o BB receberá como garantia as carteiras de crédito dos bancos das montadoras, voltadas ao financiamento de veículos. Ele não detalhou os prazos e os custos das operações.

Os R$4 bilhões, explicou Lima Neto, virão dos compulsórios liberados pelo Banco Central desde o mês passado para prover liquidez ao mercado. Só no BB, foram R$11 bilhões - praticamente a metade foi usada para a compra efetiva de carteiras de crédito, sobretudo em consignado e financiamento de veículos.

Também atendendo a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Caixa Econômica Federal fará parceria com instituições financeiras para entrar de forma mais agressiva no financiamento de veículos. Os nomes das instituições em estudo não foram divulgados, mas a proposta é colocar o plano de ação no curto prazo. Em outra frente, a instituição negocia com montadoras e concessionárias para oferecer R$1 bilhão em empréstimos nos pontos de venda.

Plano de demissão na GM

Dados da Fenabrave mostram queda de 13,81% nas vendas em outubro, na comparação com setembro. Foram vendidas 398.507 unidades. A entidade, que representa as revendas, atribuiu o resultado ao corte de financiamento no mercado. Outro reflexo da crise foi a decisão da General Motors de abrir novo Plano de Demissões Voluntárias (PDV) para as unidades de São José dos Campos e São Caetano do Sul, no ABC paulista. No final de setembro, cerca de 200 funcionários haviam aderido a outro programa.

- É um claro indicativo de que a crise já começa a pegar o trabalhador - disse Luiz Carlos Prates, o Mancha, diretor do sindicato.

A Volkswagen comunicou a redução da jornada de trabalho de 42 para 40 horas semanais em São Bernardo, suspendeu as horas extras programadas de São Bernardo e Taubaté e dará férias coletivas de dez dias em São José dos Pinhais (PR). Já a Ford aumentou em até 15 dias o período de férias coletivas de final de ano de metade dos 10 mil funcionários.

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