Título: Anistia: Clube Militar acusa Tarso e Vannuchi de interesse eleitoral
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 07/11/2008, O País, p. 4

Entidade defende parecer da AGU sobre tortura no regime militar.

BRASÍLIA. O Clube Militar, que reúne militares aposentados, divulgou nota ontem em que acusa os ministros Tarso Genro (Justiça) e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) de agir com interesses políticos, de olho nas eleições de 2010, ao pedirem a punição de torturadores do regime militar. A nota elogia a atuação da Advocacia Geral da União (AGU) na defesa dos coronéis Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir dos Santos Maciel, acusados de torturar presos políticos na década de 1970. E lamenta que Vannuchi não tenha cumprido a ameaça de deixar o governo, acusando-o de agarrar-se às benesses do cargo.

A assessoria de Vannuchi anunciou que ele entregará hoje à AGU o pedido para que o órgão reveja sua posição. Vannuchi terá encontro às 9h com o advogado-geral-adjunto Evandro Gama. Para o Clube Militar, Tarso e Vannuchi agem de forma "inoportuna e facciosa", uma vez que a Lei de Anistia teria encerrado a questão. O Ministério Público Federal move ação na Justiça Federal contra os dois militares e a União. O MP quer que os militares indenizem o governo pelos gastos com indenizações a vítimas da ditadura. A AGU, que defende a União, contesta, argumentando que a Lei de Anistia, de 1979, perdoou crimes praticados na ditadura.

O Fórum Nacional da Advocacia Pública Federal, que reúne entidades representativas dos Advogados da União, Procuradores da Fazenda Nacional, Procuradores Federais e Procuradores do Banco Central, divulgou nota em defesa dos advogados da União. Segundo o fórum, eles agiram tecnicamente para proteger os interesses da União.