Título: FMI diz que países ricos terão recessão em 2009
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Fonte: O Globo, 07/11/2008, Economia, p. 25

Projeção de crescimento do Brasil recua de 3,5% para 3%. Economias industrializadas terão 1ª contração do pós-guerra

WASHINGTON. O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou ontem projeções pessimistas para a economia global em 2009 e fez um apelo por mais cortes de juros e pacotes de estímulo fiscal. Além de prever a primeira contração nos países industrializados desde 1945, o FMI reduziu a projeção de crescimento da economia brasileira no ano que vem de 3,5% para 3%.

- Estamos basicamente afirmando que as economias industrializadas estarão em recessão em 2009 - afirmou o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, ao divulgar a revisão do Panorama Econômico Mundial.

"As perspectivas para o crescimento mundial pioraram nos últimos meses, com a continuidade do movimento de endividamento do setor financeiro e a queda da confiança de produtores e consumidores", informou o Fundo.

O relatório estima que a economia dos países industrializados terá retração de 0,3% em 2009. A previsão anterior, de 7 de outubro, era de crescimento de 0,5%. Para a economia global, o FMI prevê expansão de 2,2%, não mais de 3%.

O mais afetado será o Reino Unido: retração de 1,3% em 2009, ante queda de 0,1% prevista anteriormente. O PIB americano terá contração de 0,7%, o do Japão, de 0,2%, e o da Alemanha, de 0,8%. Para este ano, as projeções são de crescimento de 0,8% (Reino Unido), 1,4% (EUA), 0,5% (Japão) e 1,7% (Alemanha). A França deve também entrar em recessão em 2009, com retração de 0,5% em lugar do crescimento de 0,2% previsto anteriormente.

Expansão na China passará de 9,7% este ano para 8,5%

Em 2008, para o Brasil, o FMI manteve sua estimativa de expansão de 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos).

Nos países emergentes e em desenvolvimento, o PIB terá expansão de 5,1% no ano que vem, abaixo dos 6,1% previstos anteriormente e dos 6,6% estimados para 2008. A China deve crescer 9,7% este ano e 8,5% em 2009. A projeção de crescimento da América Latina passou de 3,2% para 2,5%.

Apesar da contração nos países industrializados, o Fundo ressaltou que as revisões para baixo do PIB foram mais fortes no caso dos emergentes, em torno de um ponto percentual. Os mais afetados, afirmou, são os países exportadores de matérias-primas e com problemas graves de financiamento externo e liquidez. Mas reconheceu que a contração nas economias industrializadas será "a primeira desse tipo no período pós-guerra".

Blanchard disse que o Fundo já esperava que a crise financeira atingisse os emergentes, mas que o impacto foi mais intenso que o previsto. Na segunda-feira, o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, afirmou em artigo que a crise havia criado uma "recessão keynesiana" e pedira que os governos reduzissem impostos ou elevassem gastos para estimular a demanda. (Com Bloomberg News e agências internacionais)

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