Título: Duas novas suspeitas de abuso
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Fonte: Correio Braziliense, 07/03/2009, Brasil, p. 13

Pais de três meninas em Maceió (AL) e Ribeirão das Neves (MG) são acusados de estuprar as próprias filhas. A criança alagoana, de 8 anos, está na UTI. O caso mineiro foi denunciado por uma adolescente

Mais dois casos de meninas que teriam sido atacadas pelos próprios pais foram divulgados ontem. Em Maceió (AL), uma criança de 8 anos está internada em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral do Estado (HGE). O pai da criança, o pedreiro Luís Correia da Silva, é o principal suspeito de tê-la estuprado e espancado. Ele prestou depoimento ontem na Delegacia de Crimes Contra a Criança e o Adolescente (DCCA) e foi liberado por falta de provas.

A internação da menina ocorreu no início da semana, mas a suspeita de estupro só foi confirmada ontem pela DCCA. Ela fraturou o fêmur, quatro costelas, teve traumatismo craniano e apresenta sinais de abuso sexual. O pedreiro alegou que levou a filha ao HGE, na segunda-feira, depois que a filha caiu durante um desmaio. A polícia suspeitou do pai da vítima devido à gravidade dos ferimentos.

Na porta do hospital, familiares da garota exigiam justiça e apontavam o pai da menina como o autor das agressões. No dia em que levou a garota para o hospital, Silva chegou a ser preso, mas foi solto por falta de provas.

Em Belo Horizonte, um homem foi preso na noite de quinta-feira, suspeito de abusar das duas filhas em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana da capital mineira. Uma delas, adolescente, procurou uma companhia da Polícia Militar para denunciar que ela e a irmã, de apenas 6 anos, teriam sido atacadas pelo pai. Os policiais militares foram até a casa da família e prenderam o suspeito. Ele foi levado para a delegacia de Ribeirão das Neves. As duas meninas foram encaminhadas para o Conselho Tutelar.

-------------------------------------------------------------------------------- 36 vítimas em Catanduva

Uma equipe técnica da Vara da Infância de Catanduva (SP), acompanhada por um psicólogo e por um assistente social, identificou ontem mais 12 crianças vítimas de abusos sexuais na cidade. A informação foi divulgada, por meio de uma nota, pela juíza Sueli Juarez Alonso, da 2ª Vara Criminal de Catanduva. Com isso, já são 36 o número de meninos e meninas abusados pela rede de pedofilia. Mais dois casos estão sendo investigados, porque duas mães procuraram a Vara da Infância, na tarde de ontem, para relatar a desconfiança de que seus filhos também tenham sido atacados.

Segundo o Ministério Público de São Paulo, duas investigações já foram abertas para apurar os crimes. Na primeira, foram identificadas 10 vítimas ¿ e dois suspeitos foram denunciados por atentado violento ao pudor: o borracheiro Zé da Pipa, que está preso, e um sobrinho dele, solto por falta de provas. No novo inquérito policial, há 11 vítimas (entre elas, algumas do primeiro processo) e oito suspeitos, entre eles, um médico, um usineiro e um comerciante.

Na semana passada, as crianças participaram de um auto de reconhecimento e identificaram dois menores e um adulto como integrantes da rede de pedofilia. Os dois menores tiveram a internação provisória decretada e estão na Fundação Casa (a antiga Febem). O adulto foi solto. O inquérito corre sob segredo de Justiça para preservar as vítimas.

Intervenção O senador Magno Malta, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, estará novamente em Catanduva, em 16 de março, para ouvir depoimentos e buscar mais informações sobre o caso. Malta já foi à cidade e tentou obter a colaboração do borracheiro, oferecendo benefícios se ele revelasse como a rede funcionava ¿ a chamada delação premiada. O homem recusou a oferta.

A Secretaria Especial dos Direitos Humanos mandará a Catanduva, na terça-feira, uma representante do órgão para colocar à disposição das famílias os serviços de apoio da secretaria.

Está marcado para 17 de março o depoimento dos dois menores presos e acusados de participarem do grupo. Eles serão ouvidos pela juíza e pelos promotores do caso na Vara da Infância e da Juventude da cidade. Mais seis testemunhas de acusação também deverão prestar depoimentos, segundo o Ministério Público.