Título: Ministro critica decisão de senadores
Autor: Jungblut, Cristiane; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 14/11/2008, O País, p. 9
"Eles têm o direito de aprovar, mas precisam indicar a fonte", diz Pimentel
BRASÍLIA. O ministro da Previdência, José Pimentel, criticou duramente a decisão dos senadores de aprovar mudanças na Previdência sem apontar a fonte de recursos para bancar os custos da medida. Ele lembrou que já foi três vezes ao Senado tratar dos projetos do senador petista Paulo Paim (RS) e de outros sobre o setor.
- É muito grave. Será a minha quarta reunião. Eles têm todo o direito de aprovar, mas precisam indicar a fonte. Para mim, o que está sendo feito no Congresso torna impossível ser pago, comportar no Orçamento. As coisas são ditas, são divulgadas e parece que (eles) não ouvem - disse Pimentel ao GLOBO, lembrando que os três projetos de Paim foram aprovados por unanimidade no Senado.
O ministro faz cálculos sombrios:
- O projeto que transforma todos os 25,7 milhões de benefícios, aposentadorias e pensões em salários mínimos à época em que foram concedidos obrigará, em 2009, um aporte de R$76,6 bilhões. Se reajustarmos os benefícios acima do mínimo pelo mesmo valor de reajuste do salário mínimo (outro projeto de Paim), em 2009 vamos precisar de R$6,9 bilhões - disse, acrescentando:- E se os 105 projetos que estão em tramitação no Congresso entrassem em vigor em 2009, precisaríamos de 25% do PIB para pagá-los.
O ministro disse esperar "sensibilidade" dos parlamentares aos novos números.
- A gente espera que o Congresso compreenda o que representa isso para as finanças públicas.
No Senado, o presidente Garibaldi Alves (PMDB-RN) contestou a aprovação em caráter terminativo do projeto de Paim, mas evitou críticas:
- Não é o momento de se aprovar esse tipo de projeto. Antes de se pensar em aprovar esse tipo de projeto, é preciso saber o limite que a realidade financeira do país, a Previdência Social e a perspectiva de alongamento dessa crise internacional suportam.
O líder do governo, Romero Jucá, disse que discutirá com a base sobre o projeto:
- Não temos qualquer intenção de entrar em confronto com o senador Paim, mas de discutir conjuntamente o modelo de Previdência que queremos.
O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Aloizio Mercadante (PT-SP), também se mostrou preocupado:
- Nossa prioridade é manter nosso nível de investimento para garantir o nível de emprego e renda do país.