Título: Alta do dólar e entressafra pressionam o IPCA
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 08/11/2008, Economia, p. 33

Inflação sobe 0,45% em outubro, após quatro meses de desaceleração; índice acumula variação de 5,23% no ano.

A valorização do dólar começa a pressionar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), embora os efeitos ainda sejam limitados, segundo o IBGE. O índice oficial de inflação acelerou para 0,45% em outubro - após quatro meses consecutivos de arrefecimento. O resultado, acima da taxa de setembro (0,26%) e de igual mês do ano passado (0,3%), foi puxado pela retomada da alta dos preços dos alimentos (0,69%), influenciada pela valorização da moeda americana e entressafras. Nos 12 meses até outubro, o índice foi de 6,41%, maior resultado para o período desde julho de 2005 (+6,57%). No acumulado do ano, o IPCA foi para 5,23%.

O resultado colocou o IPCA mais próximo do teto da meta de inflação deste ano, de 6,5%. Para analistas, no entanto, a taxa deverá encerrar o ano em 6,4%, um pouco abaixo da banda superior, embora reconheçam o risco de "um furo". Desde 1999, quando o regime de metas foi criado, a taxa ficou acima do teto três vezes: em 2001, 2002 e 2003.

No grupo de alimentos e bebidas, o câmbio impactou o preço de feijão (+5,66%), carnes (+3,61%) e arroz (+1,46%). Também influenciados pela entressafra, os itens puxaram a alta do grupo - que havia recuado 0,18% em agosto e de 0,27% em setembro. O setor respondeu por 0,16 ponto do IPCA do mês e acumula alta de 10,04% no ano.

- Temos a leve sensação de que a importação de arroz e feijão pode ter sofrido influência do dólar. Mas não podemos colocar toda a culpa no dólar, já que existe a questão da oferta - disse Eulina Nunes dos Santos, responsável pelo índice.

O câmbio mais atraente para exportadores teria levado ainda pecuaristas a dar prioridade a embarques de carnes, reduzindo a oferta do produto no país e puxando a alta do preço.

Para Carlos Thadeu de Freitas Filho, da SLW Asset, a aceleração do índice pode levar a aumento dos juros pelo Banco Central.

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