Título: Lula: a melhor defesa é o ataque
Autor: D'Ercole, Ronaldo; Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 08/11/2008, Economia, p. 35

Para presidente, crise será debelada com mais investimentos estatais.

FOZ DO IGUAÇU e SÃO PAULO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a crise financeira pode se transformar em uma oportunidade para os países em desenvolvimento, mas para isso seria preciso a retomada dos investimentos estatais. Ao defender sua proposta, Lula citou seu xará, o ex-técnico do Santos de Pelé, Lula, segundo o qual a melhor defesa é o ataque.

-- Existe uma máxima do técnico do Santos que, por coincidência, se chamava Lula. Ele dizia que a melhor defesa é o ataque. O Santos não se importava se tomasse quatro gols, mas se marcasse cinco - disse o presidente, em Foz do Iguaçu, durante encontro com governadores e prefeitos do Mercosul.

Para Lula, as premissas do chamado Consenso de Washington foram soterradas pela crise. Agora, o Estado passaria a ter novamente um papel de protagonista no desenvolvimento econômico global.

- Para enfrentar essa crise de recessão, temos que apostar em mais capacidade de investimento do Estado.

Esta será a tônica do discurso que Lula faz hoje, em São Paulo, durante a abertura da reunião dos ministros de Finanças do G-20. Ele vai defender a maior participação dos emergentes nos órgãos de regulamentação do mercado financeiro e a criação de novos mecanismos de controle para que o sistema bancário volte a ser a mola propulsora do sistema produtivo no mundo.

Segundo fontes do Palácio do Planalto, Lula deverá reforçar o pedido feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de abertura aos países emergentes a mecanismos como o Fórum de Estabilidade Financeira (FSF, em inglês), hoje composto apenas pelos países do G-7.

Meirelles: mercado de crédito tem recuperação

O mercado de crédito já começa a dar sinais de recuperação no Brasil e o crescimento econômico do país vai superar a média mundial em 2009. O cenário mais positivo foi desenhado ontem pelo presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles.

- Há uma tendência gradual de recuperação (do crédito) - afirmou Meirelles, em evento na Câmara Americana de Comércio de São Paulo, antes de se encontrar com o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, para conversa preliminar ao G-20.

Sem dar números, Meirelles disse que o volume de crédito na economia brasileira começou a ganhar mais fôlego no fim do mês passado. Nos dez primeiros dias de outubro, as concessões de crédito despencaram 13%, segundo dados do próprio BC. Ele também disse que a demanda interna vai levar o país a crescer acima da média mundial em 2009.