Título: Emergentes querem mais poder de decisão
Autor: D'Ercole, Ronaldo; Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 08/11/2008, Economia, p. 35

Reunidos em São Paulo, ministros do G-20 vão discutir reformas para sistema financeiro internacional.

SÃO PAULO. As quatro maiores economias emergentes, os chamados Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), querem medidas adicionais dos países desenvolvidos, tanto para restabelecer o fluxo de crédito no sistema financeiro como para estancar a saída de recursos de seus mercados. Ao mesmo tempo, cobram mais espaço nos organismos multilaterais e dizem estar dispostos a pagar por essa maior participação. O recado foi dado ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, logo depois de participar de reunião com seus colegas que formam o grupo.

-- As medidas já adotadas (por EUA e Europa) são de grande magnitude, mas insuficientes para restabelecer a confiança para que as economias voltem a funcionar com um mínimo de liquidez - disse ele, que preside a partir de hoje a primeira reunião no país dos ministros de Fazenda e presidentes de bancos centrais do G-20, grupo integrado pelas maiores economias industrializadas e emergentes do mundo.

Falando em nome dos outros ministros, Mantega defendeu mais controles sobre os mercados, com a criação de órgãos fiscalizadores. Há consenso de que a ausência de regras e de transparência foi o estopim da atual crise global, e a formulação de novo modelo de funcionamento dos mercados está no centro das discussões do encontro do G-20.

Ao dizer que os emergentes estão dispostos a pagar para ter mais voz em organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Mantega respondia à ministra da Economia da França, Christine Lagarde, que na véspera afirmou que o Brasil pede participação, mas não quer pôr a mão no bolso.

- Os emergentes já respondem hoje por 75% do crescimento mundial - disse ele.

A presença de autoridades do mundo todo para o encontro, que se realiza em dois hotéis da Zona Sul de São Paulo, mobiliza enorme esquema de segurança. São mais de 500 agentes, entre policiais federais, civis e militares, que praticamente isolaram o acesso à área próxima ao local, num esquema parecido com o da visita do presidente americano, George W. Bush, há cerca de dois anos.

(*) Enviada especial

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