Título: Reunião do G-20 terá caráter preparatório
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 13/11/2008, Economia, p. 26

Obama chama Madeleine Albright para falar em seu nome com líderes estrangeiros na cúpula

José Meirelles Passos

WASHINGTON. Ações para neutralizar a atual crise financeira e a criação de um sistema de coordenação global que evite outros desastres semelhantes só devem começar a ser discutidos para valer em fevereiro, quando está prevista uma nova reunião do G-20 - formado pelos sete países mais ricos, os 12 emergentes mais importantes e a União Européia - na França. A reunião dos presidentes dos países desse grupo neste fim de semana, em Washington, deverá servir apenas para definir os pontos principais a serem debatidos a partir do próximo encontro. Não se espera nenhuma ação efetivamente prática - como um plano de ação que seja detalhado neste encontro.

Essa é a expectativa generalizada nos EUA. Ela é idêntica à manifestada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Roma, dois dias atrás, quando alertou aos jornalistas para que não esperem muito do encontro deste sábado.

Um dos principais motivos é o fato de que o mandato do presidente George W. Bush termina daqui a 69 dias, e o presidente eleito, Barack Obama, não participará da conversa, embora tenha sido convidado. O consenso geral é que algumas das posições, ou todas, que Bush manifestar poderão não ter o aval, em breve, do novo presidente. E, portanto, em vez de retificar mais adiante o que fosse decidido em Washington, o melhor seria o de aguardar a entrada de Obama em cena.

Ele avisou que não receberá nenhum dos 19 mandatários visitantes. Mas ontem criou uma dupla bipartidária para conversar em seu nome: a ex-secretária de Estado Madeleine Albright e o ex-deputado republicano Jim Leach.

Apesar disso, já se sabe que há um ponto de acordo entre Bush e Obama, e que é discordante do que a maioria dos demais países gostaria de ver em prática - sobretudo os da União Européia, que o propuseram. Trata-se da criação de uma agência regulatória internacional para o sistema financeiro. Os EUA concordam com uma coordenação global, mas não com um xerife.