Título: Reforma em setor estratégico
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Fonte: O Globo, 13/11/2008, O Mundo, p. 30

Diretor de Inteligência Nacional e o da CIA deverão ser substituídos logo por Obama, diz `Post¿

WASHINGTON

Os principais funcionários da Inteligência americana deverão ser substituídos pelo presidente eleito Barack Obama logo no início de seu governo, de acordo com fontes. Um certo número de congressistas democratas se opõe a manter o diretor de Inteligência Nacional, Mike McConnell, e o diretor da CIA, Michael V. Hayden, em seus cargos porque ambos apoiaram polêmicas técnicas de interrogatório e de escuta telefônica do governo Bush.

Outros democratas e especialistas, no entanto, atribuem aos atuais diretores a restauração da estabilidade e do profissionalismo a uma área afetada por escândalos nos últimos anos.

A equipe de transição de Obama disse que nenhuma decisão foi tomada. McConnell, um almirante reformado, assumiu como diretor de Inteligência Nacional em fevereiro de 2007. Ele acha que o aparato de segurança nacional fica vulnerável durante o primeiro ano de um novo governo, enquanto cargos na Inteligência e no Pentágono aguardam confirmação. Hayden, um general da Força Aérea que se tornou chefe da CIA em 2006, é ¿tido em alta conta e se importa muito com a missão¿, disse uma fonte.

John Brennan, chefe da equipe de transição de Obama para inteligência, é um dos nomes citados, assim como o do senador republicano Chuck Hagel, para substituir McConnell ou Hayden. Brennan, ex-funcionário da CIA que ajudou a implantar o Centro Nacional de Contraterrorismo, deixou a agência em 2005 e foi assessor de Obama para segurança nacional. Seu vice na equipe é Jami Miscik, que foi vice-diretor da CIA para Inteligência.

Equipe bipartidária ouvirá delegações

As especulações cercam ainda outros postos. Apesar de a imprensa dizer que o secretário de Defesa, Robert Gates, estaria sendo considerado para permanecer no cargo, o co-presidente da equipe de transição, John Podesta, negou os boatos. Entre nomes citados pela imprensa como possíveis secretários de Estado figuram o ex-candidato à Presidência John Kerry e o governador do Novo México, Bill Richardson.

Ontem, a rede CNN chegou a anunciar que o ex-secretário de Estado Warren Christopher e o ex-senador democrata Sam Nunn liderariam as equipes de transição para os Departamentos de Estado e Defesa. Mas logo depois a equipe de transição desmentiu a indicação de Christopher. ¿Ele é respeitado nos EUA e na comunidade internacional. No entanto, não tem qualquer papel no processo de transição¿, disse a equipe. Não houve referências a Nunn, que presidiu a Comissão das Forças Armadas.

Enquanto isso, Obama pediu que a ex-secretária de Estado Madeleine Albright e o ex-deputado republicano Jim Leach se encontrem com delegações estrangeiras na reunião do G-20, em Washington, no fim de semana.

¿ Só há um presidente de cada vez, então o presidente eleito pediu a Albright e Leach, uma equipe experiente e bipartidária, para encontrar e ouvir nossos amigos e aliados em seu nome ¿ disse o conselheiro de Obama para política externa, Denis McDonough.

Enquanto a mídia especula sobre possíveis nomes, Obama enviou equipes de avaliadores para examinar a burocracia do governo. A equipe de transição, que será composta por 450 pessoas, percorrerá mais de cem departamentos, compilando dados para que ele possa adotar novas políticas assim que assumir o poder.

Segundo uma pesquisa da Universidade de Quinnipiac, Obama gera uma onda de confiança entre os americanos de que vai melhorar a economia, o governo e as relações interraciais. Os americanos que votaram têm opinião favorável sobre Obama, 67% a 19%, o que supera a margem de sua vitória sobre John McCain, 52,6% a 46,1%.

Com o Washington Post

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