Título: Tarso: inquérito sobre Dantas está sendo refeito
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 11/11/2008, O País, p. 3

O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que o inquérito sobre o vazamento de informações da Operação Satiagraha, que caminha para o indiciamento do delegado Protógenes Queiroz, não afetará as investigações sobre o envolvimento do banqueiro Daniel Dantas em crime financeiro. E garantiu que o trabalho iniciado por Protógenes está sendo refeito e não sofrerá danos, ainda que o delegado seja responsabilizado.

- A equipe técnica que foi para São Paulo, formada por delegados, agentes e peritos, está trabalhando em silêncio, tecnicamente, judiciosamente. O que for apresentado vai estar livre de qualquer nulidade. Não é verdade que largaram o Daniel Dantas - afirmou o ministro.

Ele prometeu que o resultado do trabalho não demorará e que a equipe que substituiu Protógenes trabalha "sem nenhuma espetaculosidade" e sem qualquer tipo de "postura preventiva ou relações laterais ilegais".

Tarso, que visitou ontem a Superintendência da PF no Rio, mostrou-se preocupado com as críticas ao inquérito conduzido pela Corregedoria contra Protógenes. Segundo ele, as buscas feitas recentemente na casa do delegado, em vez de condenação, merecem elogios:

- Isso é uma coisa normal, que vai se repetir em várias oportunidades. Quando se faz uma busca, ela deve ser considerada louvável. A Polícia Federal deve cortar na própria pele. Aqui, não estávamos acostumados à neutralidade.

Para o ministro, é preciso receber a investigação interna com naturalidade:

- Se o delegado Protógenes não cometeu erro, sairá fortalecido. Se cometeu, vai responder perante a Justiça. É uma coisa normal no estado de direito democrático.

O ministro lembrou que, em 2006, quando houve busca e apreensão na casa do irmão mais velho, Genival Lula da Silva, o Vavá, ninguém reclamou. Na ocasião, Vavá era suspeito do envolvimento em tráfico de influência e vinculação com empresários investigados na Operação Xeque-Mate.

- Foi feita a busca e acabou não dando em nada.

Para o ministro, o possível indiciamento de Protógenes, além de não prejudicar o inquérito contra Dantas, também não inibirá futuras operações contra personalidades supostamente poderosas.

- Não vejo porquê. Essa investigação feita foi normal da corregedoria. Feita em dezenas de outros casos. Não tem interferência ou intimidação. Pelo contrário. Isso dá tranquilidade para os policiais e para a sociedade porque se vê que a PF cuida dos seus quando eles cometem algum erro.

Tarso disse que não vê interferência do Supremo Tribunal Federal (STF) na sua pasta.

- Essas opiniões sobre a PF são normais. Temos que receber com naturalidade. Ele (o presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes) fez uma crítica sobre uma busca que a PF fez. A PF não realiza buscas ou faz escutas telefônicas por sua iniciativa - afirmou.