Título: Líder rebelde do Congo aceita negociar a paz
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Fonte: O Globo, 17/11/2008, O Mundo, p. 32

ONU consegue promessa de cessar-fogo, mas tropas do general ainda enfrentam Exército

JOMBA, Congo. O líder rebelde congolês Laurent Nkunda concordou em negociar um plano de paz proposto pelo enviado das Nações Unidas ao país, o ex-presidente da Nigéria Olusegun Obasanjo. O ex-general fez a afirmação ontem de manhã depois de se reunir com o representante da ONU na cidade de Jomba, ao norte de Goma, capital da província de Kivu do Norte. Por enquanto, Nkunda aceitou apenas o pedido para respeitar o cessar-fogo e abrir um corredor humanitário de ajuda aos refugiados da República Democrática do Congo. Não ficou claro, entretanto, quando o cessar-fogo entrará em vigor, e ontem ainda houve combates.

A reunião ocorreu na fronteira com Uganda e Ruanda, área controlada pelos rebeldes. Nkunda pediu a Obasanjo que o presidente do Congo, Joseph Kabila, também respeite a suspensão das hostilidades. Desde agosto, 250 mil pessoas já abandonaram suas casas para fugir da violência.

¿ Vamos conversar sobre o plano de paz e fazer a nossa parte ¿ disse Nkunda, que no encontro trocou o uniforme por um terno cinza. ¿ Hoje é um dia muito importante para nós, porque estamos perdendo muitos homens e agora temos uma mensagem de paz.

Combates entre Exército e rebeldes ao norte de Goma

As negociações devem ser em Nairóbi, capital do Quênia, mas não foi definida uma data, e não deve haver encontro direto com Kabila, como Nkunda quer. Mesmo assim, o enviado da ONU disse que o encontro com o líder rebelde foi muito produtivo e que esforços coordenados serão necessários para o plano de paz dar certo. No sábado, Obasanjo esteve com Kabila.

Por sua vez, funcionários da ONU relataram combates entre rebeldes do Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP), do ex-general, e o Exército, próximo a Ndeko, 110 quilômetros ao norte de Goma. Nkunda diz lutar para proteger a etnia tutsi dos ataques dos hutus, que fugiram de Ruanda para o Congo após o genocídio de 1994.

Ruanda e Congo fecharam um acordo para combater rebeldes que atuam na fronteira dos dois países. O governo congolês prometeu várias vezes impedir que as forças hutus atuem em seu território, mas até hoje não tomou medida eficaz nesse sentido.