Título: Lula defende economia mais humana
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 11/11/2008, Economia, p. 21
Em Roma, ministros aproveitam tempo livre na agenda para ir às compras
Deborah Berlinck
ROMA. Um novo consenso internacional, que coloque o homem, e não a especulação financeira, como "razão de ser da economia". Foi o que defendeu ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao iniciar visita de quatro dias em Roma. Para ele, os líderes do mundo devem ouvir menos analistas de mercado e mais analistas sociais, "que conheçam pessoas humanas" (sic).
- Penso que, nesse momento, os governantes precisam entender que nós precisamos ouvir menos analistas de mercado e mais analistas dos problemas sociais, analistas de desenvolvimento e analistas que conheçam as pessoas humanas.
Lula tentará discutir uma posição comum com o governo de direita do primeiro-ministro Silvio Berlusconi para a reunião do G-20 em Washington, no sábado. Ontem, num discurso no Palácio Quirinale, após encontro de mais de uma hora com o presidente italiano, Giorgio Napolitano (ex-comunista), Lula insistiu que a crise é uma "oportunidade" para rever o Consenso de Washington.
O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, que tenta agendar um encontro entre Lula e Barack Obama, confirmou que o governo Bush não quer discutir soluções multilaterais na cúpula e disse não esperar uma mudança radical por parte de Obama.
A crise da qual Lula tanto fala, no entanto, não parece afetar o bolso dos ministros. O titular da Defesa, Nelson Jobim, aproveitou um tempo livre na agenda e foi às compras. Voltou para o hotel cheio de sacolas, sendo a maior delas do badalado estilista italiano Salvatore Ferragamo. Marco Aurélio Garcia também apareceu com sacolas, mas bem mais modestas e menores. Já o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, comprou livros sobre Antiguidade.
Enquanto isso, jornalistas eram roubados na sala de imprensa montada pelo governo brasileiro no hotel Tizziano. Um homem roubou o equipamento da TV Bandeirantes (câmera, tripé e computador) e o gravador digital e o telefone celular da jornalista da BBC Brasil.
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