Título: Delegado terá acesso a inquérito sobre vazamento
Autor: Otavio, Chico
Fonte: O Globo, 15/11/2008, O País, p. 5

Defesa de Protógenes deve pedir trancamento da investigação

Soraya Aggege

SÃO PAULO. O delegado federal Protógenes Queiroz, afastado da Operação Satiagraha, da Polícia Federal, entrou com dois habeas corpus na Justiça Federal e já conseguiu, por meio de um deles, cópias do inquérito que apura o vazamento das operações e dos dados de seus computadores e documentos, apreendidos na PF, por ordem do Juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal Criminal. Outro pedido, apresentado ontem ao TRF, pede cópias da sindicância interna da PF.

Protógenes ainda pediu a devolução de seus bens apreendidos pela PF, que vasculhou cinco de seus endereços na semana passada. O pedido que deu acesso aos autos e às cópias dos documentos pessoais, inclusive do computador, foi acolhido parcialmente pelo desembargador André Nekatschalow.

A defesa do delegado avalia a possibilidade de pedir o trancamento do inquérito. O advogado Luiz Fernando Ferreira Gallo, da Federação Nacional dos Delegados da PF, que entrou com os pedidos na Justiça, disse que se reunirá com Protógenes na segunda-feira, quando ele retorna da Europa. Gallo explicou que a Federação defende os delegados, sem pré-julgamentos.

Computadores de Dantas serão enviados aos EUA

As informações indevassáveis contidas em pelo menos seis discos rígidos de um total de 100 computadores apreendidos na Satiagraha, não são cruciais para a formulação das acusações formais contra o banqueiro Daniel Dantas, informaram ontem fontes da PF. Mesmo assim, os computadores com chaves criptográficas estão no INC (Instituto Nacional de Criminalística) e serão enviados aos Estados Unidos, para nova tentativa de quebra das senhas.

- Se forem encontradas mais informações além das já apuradas, consideraremos como lucro - disse uma autoridade que atua na Satiagraha.

O primeiro relatório da operação, entregue à Justiça na última sexta-feira, não apontaria novidades em relação às conclusões já divulgadas.

- São as mesmas conclusões, mas agora de maneira mais detalhada - disse outra autoridade, explicando que o atual delegado da Satiagraha, Ricardo Saadi, conseguiu juntar mais depoimentos e racionalizar escutas e documentos apreendidos acercado os envolvidos.

Não bastasse a guerra travada na PF por causa da Satiagraha, ganhou corpo ontem uma crise entre a instituição e o MPF. Fontes da PF afirmaram que acusação do procurador da República Roberto Dassié Diana, de que o vazamento teria sido feito por outro delegado, e não por Protógenes, não procede.

oglobo.com.br/pais