Título: Bancada da saúde recorre a Alencar
Autor: Damé, Luiza; Stuckert Filho, Roberto
Fonte: O Globo, 15/11/2008, O País, p. 8

Vice se emociona ao ouvir relatos de pacientes do SUS e promete lutar por verbas

Luiza Damé e Roberto Stuckert Filho

BRASÍLIA. Integrantes da Frente Parlamentar da Saúde buscaram ontem no presidente em exercício, José Alencar, um aliado do movimento pela liberação de uma verba extra de mais R$2,674 bilhões para o orçamento da Saúde este ano, especialmente para atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Os deputados levaram à audiência com o presidente, no Planalto, usuários do SUS que relataram as dificuldades de atendimento na rede pública. Segundo o presidente da frente, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), Alencar, sensibilizado, prometeu defender no governo a suplementação orçamentária da saúde.

- Ele assumiu o compromisso de ser o nosso advogado perante o presidente Lula e a junta financeira - disse Perondi, contando a reação do vice diante dos relatos: - Ele se emocionou, porque ele tem um plano de saúde e tem dinheiro. Ele disse que, como vice-presidente da República, não admite que isso possa estar acontecendo com os brasileiros.

O líder do PR, Luciano de Castro (RR), que também participou da audiência, contou que, ao ouvir a história de um representante da associação dos usuários do SUS, de que só conseguiu marcar para daqui a três anos uma endoscopia, Alencar, muito emocionado, lembrou sua luta contra o câncer:

- Eu posso pagar o tratamento. E quem não pode, meu Deus!

Segundo Perondi, o Ministério da Saúde não tem dinheiro para pagar parte de seus compromissos de novembro e dezembro. A frente defende que os recursos sejam liberados e incluídos oficialmente no piso do SUS para incidir sobre o cálculo do orçamento da saúde do próximo ano - essa proposta a área econômica não aceita.

- O próprio Ministério da Saúde diz que a crise aumenta. Há mais de dez anos que não falta dinheiro para fechar o ano, mas agora pode faltar - afirmou Perondi.

O orçamento do Ministério da Saúde deste ano é de R$48,5 bilhões. Segundo a frente, será necessário mais para ações ambulatoriais e hospitalares, medicamentos e implantação de novas políticas, como saúde do homem, internação domiciliar, unidade de pronto atendimento, saúde na escola, farmácia popular e Samu.

Alencar disse que, apesar da crise financeira internacional, não haverá cortes no orçamento da saúde. Mas condenou a proposta de criar a contribuição social para a saúde (CSS), em discussão no Congresso.

A Junta Orçamentária - integrada pelos ministros Guido Mantega (Fazenda), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Planejamento) - tem reunião prevista na próxima quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.