Título: E ainda há risco de deflação, alerta Economist
Autor:
Fonte: O Globo, 15/11/2008, Economia, p. 29

Revista avisa sobre efeito da queda nos preços de `commodities¿

LONDRES. Além da recessão, as nações industrializadas têm de enfrentar o fantasma da deflação (queda generalizada dos preços). A revista britânica ¿Economist¿ alertou, em artigo publicado quinta-feira, para o risco de uma espiral deflacionária semelhante à da Grande Depressão, nos anos 1930.

Apesar de reconhecer que parece estranho falar nisso quando a inflação ainda está elevada ¿ nos EUA, atingiu 5,6% em julho, a maior desde 1991, contra 4% na zona do euro ¿, a ¿Economist¿ lembra que essa alta se deveu à disparada dos preços das commodities no primeiro semestre. ¿Desde que o salto das commodities se transformou em queda livre, as perspectivas da inflação mudaram drasticamente. O preço do barril do petróleo cru caiu de US$147 em julho para abaixo de US$60 esta semana¿. Outras matérias-primas também vêm caindo. Segundo a ¿Economist¿, se essa tendência continuar, os preços ao consumidor vão desabar em 2009.

¿Uma mistura mortal de preços em queda e alavancagem elevada poderia fomentar uma `deflação de dívida¿, como a descrita pelo economista americano Irving Fisher em 1933. Nesse modelo, empresas e consumidores carregados de dívidas correm para pagar os empréstimos à medida que o crédito seca. Isso afeta a demanda e provoca cortes nos preços. A deflação, por sua vez, aumenta o custo real da dívida¿, explica a ¿Economist¿. Isso acelera o processo de quitação de dívidas, criando um círculo vicioso.