Título: Citigroup, Royal Bank of Scotland e Sun devem demitir quase 70 mil
Autor:
Fonte: O Globo, 15/11/2008, Economia, p. 30
Agravamento da crise global completa dois meses. Renault reduz produção
NOVA YORK e LONDRES. Dois meses depois do início do agravamento da crise financeira global, com a quebra do Lehman Brothers no dia 15 de setembro, as demissões em massa continuam aumentando em todo o mundo. O diretor-executivo do Citigroup quer reduzir os gastos salariais em 25%, o que poderia levar a 60 mil cortes até o próximo ano, segundo o ¿Wall Street Journal¿. Esta semana, o grupo já começa a entregar a carta de demissão a dez mil empregados. O Royal Bank of Scotland (RBS) também estaria planejando a extinção de cerca de três mil postos de trabalho nas próximas semanas, segundo o site da BBC. Já a Sun Microsystems, uma das maiores empresas de tecnologia, divulgou plano de cortar entre cinco mil e seis mil empregos em todo o mundo.
O plano de redução de custos do Citigroup é uma tentativa de estabilizar as finanças do banco, que perdeu mais de US$20 bilhões no último ano. O grupo já demitiu 23 mil funcionários e hoje emprega 352 mil pessoas. Além das demissões, a estratégia de estabilização inclui o aumento das taxas de juros de cartão de crédito de algumas faixas de clientes. A unidade de cartões de crédito teve prejuízo de US$902 milhões no terceiro trimestre, ante lucro de US$1,4 bilhão em igual período de 2007.
E as demissões do Royal Bank of Scotland devem afetar funcionários nos mais de 50 países em que o banco atua, segundo a BBC. A instituição tem 170 mil funcionários, sendo 100 mil no Reino Unido. O banco estaria sendo afetado pelas exposições ao subprime (hipotecas de risco nos Estados Unidos) e pela aquisição do holandês ABN Amro em outubro de 2007 por US$91 bilhões, em um consórcio ao lado do Santander e do Bank of America.
Bush pede acesso rápido de montadoras a pacote
A Sun MicroSystems foi afetada pela fraca demanda por computadores sofisticados. O corte de até seis mil funcionários da Sun representa de 15% a 18% da força de trabalho da empresa e faz parte de um plano mais amplo de reestruturação, que pretende economizar entre US$700 milhões e US$800 milhões.
Nos Estados Unidos, o presidente George W. Bush pediu ao Congresso que as montadoras tenham acesso rápido ao pacote de US$25 bilhões já aprovado no mês passado. Para isso, é preciso eliminar a exigência que os recursos sejam utilizados na produção de veículos eficientes no consumo de combustíveis. Democratas vêm defendendo que as montadoras sejam beneficiadas pelo pacote de socorro de US$700 bilhões.
Já a montadora francesa Renault planeja cortar sua produção para reduzir estoques. As vendas do grupo caíram 14,1% em outubro, em relação a outubro de 2007. ¿A crise financeira tornou-se mais aguda com forte impacto sobre a cadeia de vendas¿, informou a Renault em comunicado. A produção será suspensa por alguns dias em fábricas na França, Espanha e Romênia.
oglobo.com.br/economia