Título: AGU pedirá que Abin acompanhe perícia
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 18/11/2008, O País, p. 3
Justiça proibiu acesso da agência a documentos apreendidos em operação da PF
BRASÍLIA. A Advocacia Geral da União (AGU) decidiu recorrer hoje contra a decisão do juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal de São Paulo, que proibiu agentes da Agência Brasileira de Inteligência de acompanhar a perícia da Polícia Federal sobre documentos apreendidos na Abin há duas semanas. A AGU entrará com um pedido de reconsideração da decisão ao próprio juiz. O recurso foi solicitado pelos ministros da Justiça, Tarso Genro, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix.
Eles decidiram recorrer contra o despacho de Mazloum numa reunião na manhã de ontem, com a participação dos diretores da PF, Luiz Fernando Corrêa, e da Abin, Wilson Trezza.
A apreensão de documentos na Abin foi feita pela equipe do delegado Amaro Vieira, encarregado de investigar vazamento de informações da Operação Satiagraha, em 8 de julho, dia da prisão do banqueiro Daniel Dantas, do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e do investidor Naji Nahas. As buscas acirraram o embate entre a PF e a Abin em torno da Satiagraha. Segundo a Abin, entre os documentos apreendidos existiriam segredos de Estado, destinados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e não poderiam ser acessados por policiais.
Para a Abin, os documentos nada têm a ver com o objeto da investigação de Amaro. Numa tentativa de aparar arestas, Tarso e Félix acertaram que os documentos só seriam periciados na presença de oficiais da Abin. O ministro garantiu que os documentos considerados sigilosos e sem interesse da investigação não seriam incluídos no inquérito sobre o vazamento de dados da Satiagraha. Mas, na semana passada, Mazloum resolveu proibir a Abin de acompanhar os trabalhos da PF. A AGU informa que, se o juiz não mudar de idéia, recorrerá ao Tribunal Regional da 3ª Região.
Os delegados William Morad e Rômulo Berredo, que estão investigando o suposto grampeamento dos telefones do presidente do Supremo Tribunal (STF), Gilmar Mendes, deverão pedir cópia do resultado da sindicância do GSI sobre o caso. A sindicância aponta o presidente da Associação dos Servidores da Abin (Asbin), Nery Kluwe, como um dos envolvidos na operação, conforme revelou O GLOBO sábado.