Título: Um Rio com menos homicídios
Autor: Costa, Célia
Fonte: O Globo, 18/11/2008, Rio, p. 11

Estado registra redução de 17,9% em agosto, o sétimo mês consecutivo de queda

Célia Costa

Onúmero de homicídios dolosos - quando há intenção de matar - cometidos no Estado do Rio caiu em agosto 17,9%, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Foi o sétimo mês consecutivo de queda no índice. Ainda de acordo com o "Boletim mensal de monitoramento e análise criminal", divulgado ontem pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), foram registrados 3.702 homicídios de janeiro a agosto de 2008, o menor número de casos no mesmo período de toda a série histórica disponível (desde 1991). O boletim mostra também que houve redução de 76,4%, a maior até agora, da quantidade de autos de resistência - quando o policial mata supostamente em confronto - registrados em agosto, em comparação com o mesmo mês de 2007.

- Para nós, é um alento - disse o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, referindo-se à redução no número de homicídios. - O mais importante é a tendência de queda que está sendo mantida.

Como acontece desde o início de sua divulgação, o número de homicídios não inclui os casos de encontro de cadáveres e de ossadas e os autos de resistência. Na avaliação do secretário, a redução desses casos pode ser creditada ao combate aos crimes praticados por quadrilhas, principalmente milícias e, entre estas, especialmente a autodenominada Liga da Justiça. O grupo atua na Zona Oeste e os acusados de serem seus chefes estão presos.

- Esses grupos, assim como os traficantes, têm o homicídio como prática da manutenção e sustentação do poder - disse Beltrame.

Sobre a queda no número de autos de resistência, o secretário acha mais prudente não comemorar ainda. Segundo ele, é preciso esperar que a tendência de queda se confirme. No acumulado dos oito primeiros meses deste ano, foram 849 vítimas contra 902 no mesmo período de 2007 - uma queda de 5,9% ou de 53 casos.

Para Beltrame, a causa da redução é a mudança de procedimentos dos PMs nos últimos meses. Por determinação do comando da corporação, os policiais devem planejar a entrada em áreas de conflito e não fazer a incursão assim que forem acionados.

Já para a pesquisadora Sílvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Candido Mendes, dois casos foram determinantes para que os policiais passassem a agir com mais prudência: a morte do menino João Roberto Amorim, de 3 anos, baleado por PMs no dia 6 de julho, e a do funcionário da Infoglobo Luiz Carlos Soares da Costa, no dia 14 de julho, que era refém de um ladrão e foi atingido por tiros disparados por policiais.