Título: Na contramão dos EUA, Bovespa cai 4,54%, puxada por Petrobras e Vale
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 19/11/2008, Economia, p. 24

Bolsa de Nova York sobe 1,83%. Dólar sobe 2,2% no Brasil, para R$2,327

Bruno Rosa*

RIO e NOVA YORK. No caminho inverso de Wall Street, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou ontem em queda de 4,54%, aos 34.094 pontos. O pregão, que permaneceu todo o dia no vermelho, foi influenciado pelo mau desempenho de Petrobras e Vale, além de ações do setor bancário e siderúrgico. No câmbio, nem as intervenções do Banco Central (BC) conseguiram segurar o dólar, que ontem fechou em alta de 2,20%, a R$2,327. No mês, a moeda americana avançou 7,73%.

Os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras desabaram 5,86%, após um executivo da estatal ter admitido que a empresa pode adiar investimentos devido à crise global. Analistas destacaram ainda que as ações foram influenciadas pela queda na cotação do petróleo, que recuou 1% no mercado internacional, devido à menor demanda em 2009. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) caíram 6,66%.

Nasdaq subiu 0,08% e o S&P 500 avançou 0,98%

Nos EUA, o dia foi de forte volatilidade. Após registrar ganhos superiores a 2% pela manhã, o Dow Jones chegou a cair mais de 1% durante a tarde e fechou em alta de 1,83%, a 8.424,75 pontos. Nasdaq e S&P fecharam com ganhos de 0,08% e 0,98%, respectivamente.

- A Bovespa está fechando mais cedo do que o mercado americano e, por isso, acaba ficando com um movimento pouco diferente. Ontem (segunda-feira), após a Bolsa ter fechado no Brasil, os índices americanos desabaram. Só na reta final, os papéis de Vale e Petrobras listados na Bolsa de Nova York caíram 1,7% e 0,90% respectivamente. Por isso, hoje (ontem) os papéis acabaram sofrendo um pouco mais - analisa Saulo Sabbá, diretor-executivo da Máxima Asset.

Ontem, as ações PN da Vale (as mais líquidas) fecharam em queda de 3,29%. Os bancos brasileiros também tiveram um dia ruim, com Itaú caindo 7,64%; Bradesco, 7,36%; e Unibanco, 7,71%. Analistas, porém, destacaram que a Bolsa teve um dia de poucos negócios, com giro de R$3,237 bilhões.

No câmbio, o BC fez dois leilões de contratos de swap cambial, em que a instituição paga a variação cambial e recebe em troca uma taxa de juros. No primeiro leilão, a autoridade monetária ofereceu 73.100 contratos e conseguiu vender apenas 30.130. Na operação, foi movimentado cerca de US$1,432 bilhão. No segundo, dos dez mil papéis ofertados, apenas 7.180 foram comprados, gerando US$354,2 milhões.

- Essas operações não têm surtido efeito no câmbio, pois só as empresas que apostam na alta da divisa têm comprado a moeda. Os leilões não foram muito bem aceitos, pois o mercado não achou as ofertas boas - diz Sidnei Moura Nehme, diretor-executivo da NGO.

Preço do petróleo em NY recua 1,02%, para US$54,39

No mercado de commodities, os preços do petróleo continuaram em queda, diante dos sinais de que a crise financeira global afetará a demanda mundial pelo produto. Em Nova York, o preço do barril do leve americano recuou 1,02%, para US$54,39. Em Londres, a cotação barril do tipo Brent caiu 0,9%, a US$51,84.

- Os fundamentos do mercado estão muito tênues - disse Andy Lebow, corretor da MF Global. - O mercado de petróleo está numa forte tendência de queda.

(*) Com agências internacionais