Título: Presidente descarta reforma ministerial
Autor: Jungblut, Cristiane; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 19/11/2008, O País, p. 8

Aliados queriam novas vagas na Esplanada

BRASÍLIA. O presidente Lula jogou um balde de água fria na pretensão dos aliados de ocupar mais espaço na Esplanada. Ele afirmou que não mudará ministros até abril de 2010, prazo para que os candidatos às eleições deixem o governo. Boa parte dos aliados apostava numa reforma no início do próximo ano para acomodar prefeitos que concluirão o mandato em dezembro, derrotados nas eleições municipais e insatisfeitos com a composição das presidências da Câmara e do Senado.

A declaração põe fim às pretensões do PT de ver Marta Suplicy de volta ao governo ou de compensar Tião Viana (PT-AC), caso não seja escolhido presidente do Senado. O PMDB gostaria de substituir Tarso Genro (PT) no Ministério da Justiça. Outro que trabalha por um cargo é o prefeito de Recife, João Paulo, que elegeu seu sucessor no primeiro turno. E há o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que sai do cargo em fevereiro.

- Daqui para a frente, só sairão aqueles ministros que quiserem ser candidatos em 2010 e terão que deixar a pasta até abril - afirmou Lula, após o almoço com o presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono.

Lula negou que vá participar de jantar hoje com a cúpula do PMDB para acertar o impasse sobre as presidências da Câmara e Senado. Embora tenha atuado nos bastidores para tentar emplacar Tião Viana no comando do Senado, publicamente Lula diz que não vai interferir na disputa:

- O presidente não pode dizer quem tem que ser o presidente da Câmara ou do Senado.

Lula disse que a sua relação com o PMDB é a "melhor possível" e que, quando achar necessário, convocará o partido para "afinar a viola". Mas criticou o fato de o partido não abrir mão de ficar também com a presidência do Senado, já que na Câmara deve ser eleito o presidente do partido, Michel Temer (SP).

- O PMDB tem a maioria nas duas Casas; tradicionalmente o partido que tem maioria indica o presidente. Mas não temos muita experiência de o mesmo partido ocupar as duas casas. De qualquer forma, os políticos são eles, quem tem sensibilidade são eles. Eu sou apenas o presidente da República e estou no meu cantinho ali, cuidando para não deixar o país entrar mais profundamente nessa crise.