Título: Nenhum tipo de investigação justifica desvios de conduta, afirma ministro
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 19/11/2008, O País, p. 4
INVESTIGAÇÃO EM DISPUTA: Corrêa também critica condução da Satiagraha
Novo delegado teria corrigido distorções na apuração contra Dantas
Jailton de Carvalho
BRASÍLIA. O ministro da Justiça, Tarso Genro, voltou ontem a criticar possíveis desvios na Operação Satiagraha, no período em que as investigações sobre supostos crimes do banqueiro Daniel Dantas estavam sendo conduzidas pelo delegado Protógenes Queiroz. Para o ministro, eventuais equívocos poderiam comprometer o resultado final da operação. Protógenes foi afastado do caso e hoje responde a inquérito na Corregedoria-Geral em São Paulo por suposto vazamento de informações no dia da prisão de Dantas, do ex-prefeito Celso Pitta e do empresário Naji Nahas.
- Por mais correta que seja a investigação, por mais importante e mesmo pelos bons objetivos que ela tenha alcançado, nenhum tipo de investigação justifica desvios de conduta, porque aí ela corre o risco de perder o mérito - disse Tarso.
Protógenes Queiroz foi substituído no comando das investigações pelo delegado Ricardo Saadi. O delegado teria corrigido algumas distorções e avançado significativamente na apuração de crimes imputados a Dantas, segundo pessoas próximas ao ministro. Tarso não informou até o momento, no entanto, onde estariam as falhas de Protógenes. O diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, endossou as críticas do ministro, mesmo sem citar explicitamente o nome de Protógenes e da Operação Satiagraha.
- São dois pontos que nós temos que trabalhar dentro da legalidade: observando todo o arcabouço legal do país e todas as normas internas de procedimento da polícia. O resultado disso é uma prova legítima e que vai produzir efeitos melhores do que quando há desvio de conduta - disse.
Tarso e Corrêa também negaram que a PF esteja em crise ou que a instituição esteja fora de controle.
Para Corrêa, não há crise interna e muito menos queda-de-braço da PF com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Corrêa e Lacerda vêm divergindo desde que o ex-secretário nacional de Segurança chegou ao comando da PF, em agosto do ano passado.
Numa tentativa de mostrar que os problemas estão sendo superados, Corrêa e o diretor interino da Abin, Wilson Trezza, reuniram-se na sede da PF.
- Não há crise. Assim como prendemos colegas em desvio de conduta, nenhuma instituição está fora do alcance. Se houver desvio, será alcançado. Há uma ação entre Abin e a PF para agilizar esses processos internos - afirma Corrêa.