Título: MP denuncia Valério pelo mensalão tucano de Minas
Autor: Pimentel, Thaís
Fonte: O Globo, 20/11/2008, O País, p. 5

Outros 26 respondem por esquema na campanha de Azeredo

Thaís Pimentel

BELO HORIZONTE. O Ministério Público Federal, em Belo Horizonte, denunciou 27 pessoas por crimes relacionados ao chamado mensalão mineiro. O lobista Marcos Valério, executivos e ex-diretores do Banco Rural são alguns dos acusados. Segundo o Ministério Público Federal, o esquema criminoso vigorou durante a campanha à reeleição do tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas, em 1998, e, mais tarde, foi comandado por Valério com o PT, no governo Lula, como mostrou reportagem do GLOBO em 2005. Hoje senador pelo PSDB, Azeredo e outras 14 pessoas tinham sido denunciadas em novembro do ano passado pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza.

O objetivo do esquema era conseguir recursos que não seriam contabilizados, por meio do superfaturamento de contratos de publicidade firmados com o estado. Segundo as investigações, o dinheiro era, na maioria das vezes, destinado à campanha eleitoral. Ainda de acordo com a denúncia, foram desviados, pelo menos, R$3,5 milhões dos cofres públicos do estado para a campanha tucana. O senador preferiu não se manifestar sobre o assunto.

Ex-juiz do TRE também é denunciado

O Ministério Público Federal também denunciou o ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral mineiro Rogério Lanza Tolentino, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de ter recebido mais de R$300 mil para que favorecesse os então candidatos Eduardo Azeredo e Clésio Andrade, que concorriam aos cargos, respectivamente, de governador e vice-governador de Minas. O dinheiro teria sido depositado diretamente na conta do ex-juiz, e também na conta pessoal de sua mulher, pela empresa SMP&B Comunicação, de Marcos Valério. Segundo as investigações, as decisões favoráveis aos candidatos eram proferidas logo após os depósitos serem feitos. O ex-juiz não foi localizado para falar sobre o caso.

Marcos Valério ainda é acusado de ter prestado informações falsas relativas a um contrato com o Banco Rural. O pedido de informações fora feito pelo Banco Central, ao notar movimentações suspeitas na conta da SMP&B. O Ministério Público ainda acusa 24 dirigentes do Banco Rural de prática dos crimes de gestão fraudulenta e de gestão temerária, além de lavagem de dinheiro. Entre os denunciados estão cinco integrantes da atual diretoria da empresa. O Banco Rural informou que não vai se manifestar sobre o caso porque ainda não foi comunicado oficialmente.

STJ nega habeas corpus a Marcos Valério

O Superior Tribunal de Justiça negou o pedido de habeas corpus para Marcos Valério, que está preso preventivamente há cerca de um mês pelos supostos crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha e calúnia. Segundo informou o STJ em seu site, o pedido da defesa de Valério foi indeferido pelo ministro Paulo Gallotti. Valério foi preso em 10 de outubro com a deflagração da operação Avalanche, suspeito de articular um esquema para desmoralizar dois fiscais da Secretaria da Receita Estadual que haviam autuado a cervejaria Petrópolis em mais de R$104 milhões.