Título: Lula determina liberação de verbas para Temporão
Autor: Gois, Chico de; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 20/11/2008, O País, p. 9

Saúde deve receber R$1,4 bilhão; ministro tenta ressuscitar votação da CSS na Câmara

Chico de Gois e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. Um dia depois de ser confirmado no cargo pelo presidente Lula, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, pediu - e conseguiu - a liberação de R$1,4 bilhão para sua pasta, mais R$200 milhões em emendas que vinham sendo seguradas pela equipe econômica. Na reunião da Junta Orçamentária, ontem, Lula determinou aos ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Fazenda, Guido Mantega, que atendam ao pleito de Temporão. O ministro queria R$2 bilhões para fechar as contas do ano, mas deve se contentar com R$1,6 bilhão. Ele começou um corpo-a-corpo com líderes dos partidos para conseguir votar a criação da Contribuição Social da Saúde (CSS) - na verdade, uma recriação da CPMF, o extinto imposto do cheque.

- O ministro Temporão precisa de muito. Isto é a CPMF que está fazendo falta. São R$2 bilhões, mas vamos ver se conseguimos chegar a R$1,4 bilhão - disse o ministro das Relações Institucionais, José Múcio.

Temporão telefonou para o líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves (RN), para agradecer a ajuda dos ministros econômicos e fazer novo pedido: que se conclua a votação da criação da CSS, interrompida em junho. A proposta fora aprovada, mas a oposição apresentou destaque acabando com a contribuição e, com a própria base dividida, a votação foi "esquecida".

O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), disse que analisará a questão da CSS com os líderes.

O governo deixou claro que não há recursos para o projeto do senador Paulo Paim (PT-RS), que cria índice de reajuste de aposentadorias e pensões. Múcio criticou a iniciativa do petista:

- Você não pode prometer o que não pode cumprir.

Paim e outros 17 senadores fizeram uma vigília de madrugada, no Senado, em favor da aprovação de uma nova política de reajuste de aposentadorias.